Category: viagens

October

Someone is probably bungee jumping as I type. #Macau #rrgoeast #macautower

During our trip to Asia I tried to draw as much as possible on my #sketchbook. Not a lot is possible when there are so many things to revisit, see, do, but sometimes it's wonderful to just slow down and appreciate the panorama. #Macau #macautower #rrgoeas

Here it is! It's October's project for the #airembroideryclub, based on a #sketch made from my friend @mar_photography_impressions 's balcony in #Macau. You can see the first bridge on the left and #macautower on the right. Join the club to stitch this pr

 

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It’s hard to believe that it’s October already. Time flies and all those clichés about it being like sand escaping our fingers… well, they’re true. We’re three months away from the end of 2015, Summer arrived, been and went (at least that’s what the calendar says). Were it not for the Embroidery Club‘s projects, I wouldn’t even notice that it was October already. (Well, the Embroidery Club and taxes, really, because VAT happens every three months).

But it’s not about taxes I want to write about today. It’s October’s air Embroidery Club project. Every time I look at this embroidery I recall how much I enjoyed my trip back to Macau last April. It was so, so good! It was so good to go back, this time around with my husband and daughter, and also my parents, and revisit the three different zones where we lived when we were there, eat the delicacies I learned to love, remember episodes of my life as a teenager. I’m sure Alice will recall nothing of this trip, but to me it was so important to have her there with me.

One evening, seating on my friend Inês’s balcony, I made a sketch of the view, similar to the one we had in our second home there. While I sketched, light turned to dusk and then to darkness, quickly as it usually does in the tropics, and that’s how I retained this image. Months later, I thought about turning this sketch into an embroidery and sharing it with the members of the Embroidery Club. The most striking image was the lights coming on in the buildings in the horizon, the air turning slightly cooler, but still heavy with humidity. That’s what I recalled when stitching it, revisiting the landscape of my youth populated with new elements that pay testimony to the growth Macau has witnessed.

Embroidery gives me the time to think, to remember, to feel again, and that is very, very good.

*

So happy that my work requires me to step away from the computer. #airembroideryclub #embroidery #illustration

 

The back of the #embroidery I finished earlier today, based on a #sketch I made from my friend @mar_photography_impressions 's balcony in #macau, when we visited last spring. It's October's project for the #airembroideryclub and you can stitch it too if y

Seems fitting to be working on my #airembroideryclub project while listening to @marieforleo and @elizabeth_gilbert_writer talk about #bigmagic. Can't wait to read it! #embroidery #embroideryisforeveryone


É difícil acreditar que já estamos em Outubro. O tempo passa por mim a voar, e todos os clichés sobre o tempo ser como areia a escapar-se por entre os dedos são, ou parecem ser, verdadeiros. Estamos a três meses do fim do ano, o Verão chegou, esteve e já se foi (pelo menos no calendário), e não fossem os projectos do Clube de Bordado se calhar nem dava conta que tinha chegado um novo mês (bom, os projectos do Clube de Bordado e o calendário dos impostos, vá, que isso também é um desagradável lembrete de que há que preencher a declaração de IVA e também fazer o respectivo pagamento).

Mas hoje não é sobre impostos que quero falar, mas sim do projecto de Outubro do Clube de Bordado. Cada vez que olho para este bordado me lembro de como gostei, mesmo!, de voltar a visitar Macau em Abril passado. Que bom, que bom que foi! Foi tão bom voltar a Macau, desta vez com o marido e a filhota, e também os pais, e rever os prédios onde vivi, os lugares aonde ia, as iguarias que lá aprendi a apreciar. Foi bom rever amigos, ver como vivem neste Macau que tem mais vinte anos do que quando de lá saí. Foi uma viagem realmente emocionante para mim, e apesar de saber que a Alice de nada se vai lembrar, foi emocionante levá-la comigo neste regresso.

Um dia, sentada na varanda da casa da minha amiga Inês, que generosamente nos recebeu, fiz um desenho da vista linda da Baía da Praia Grande, uma vista muito parecida com aquela que tínhamos na segunda casa em que morámos quando lá vivemos. Enquanto desenhava, a noite tropical caiu em menos de nada, chegou o lusco-fusco e as luzes começaram a acender-se.

Meses mais tarde, pensei em converter esse desenho num bordado e partilhá-lo com os membros do Clube, e só me lembrava dessa atmosfera de noite a cair, luzes a acender, o ar um pouco menos quente, mas ainda carregado de humidade. E foi disso que me lembrei enquanto ia bordando a paisagem, uma paisagem da minha juventude, revisitada e cheia de elementos novos, que testemunham o grande crescimento de que Macau foi palco.

O bordado dá-me tempo para pensar, para relembrar, para voltar a sentir, e isso é muito bom.

New knitting workshop coming up!

The adventure starts now!

Living in a city where it never snows, this is the most exotic thing ever for me, and I love it.

While we were away, there was time to work on next month's #airembroideryclub #embroidery project. Having a photo session with snow was very exotic for me!

During our short break, I reached the widest point on the Colorblock Bias blanket #knitting

These last few days were spent away on the mountain, taking a little break from work. It was our first time away from baby A., who in just a week grew teeth and learned many new things with the help of her grandparents, aunties and cousins. I missed her incredibly but had a good time, too. And found lots of time to knit and embroider!

I reached the widest point on A’s blanket, and started color number six, out of ten. (Ravelry page here.) I did have a little mishap with my KnitPicks interchangeable needles cable, as the cable itself came apart from the join. I love these needles but this has been a recurrent problem – and these cables are difficult to replace, at least here in Portugal.

I also had a lot of fun stitching my air Embroidery Club project for the month of March. Progress was swift with just a little uninterrupted embroidery time every day after skiing. So much fun!

And now we’re back home in Lisbon, all set to get back to work, with a new knitting workshop coming up. Yay!

Join us on March 7th, 9.30am to 1.30pm. Find more information and sign up here.

*

Olá!

Os últimos dias foram passados na montanha, a gozar umas mini-férias, as primeiras sem a nossa pequena A. Em apenas uns dias, nasceram-lhe dentes, aprendeu gracinhas e muitas habilidades novas, com a ajuda dos avós, das tias e das primas, que muito a mimaram enquanto os pais estiveram fora. Tive muitas saudades dela mas aproveitei para bordar e tricotar nas (imensas!) horas vagas depois do esqui do dia.

Cheguei à diagonal máxima da mantinha que estou a tricotar para a A. e comecei a sexta de dez cores. (Detalhes aqui.)

Tive uma pequena aventura com o cabo das minhas agulhas KnitPicks, que decidiu soltar-se da parte metálica a meio do caminho! Já tentei comprar novos cabos, mas essa tem sido toda uma aventura.

Também aproveitei para bordar o projecto de Março do Clube de Bordado air. Já não estava habituada a ter tanto tempo livre, por isso em poucas sessões pude avançar bastante. Aproveitei para fazer uma sessão fotográfica na neve, coisa super mega exótica para mim. 🙂

Agora estamos de volta a Lisboa, cheios de energia e vontade de trabalhar, e com nova data de workshop de tricot já marcada:

Venha aprender a tricotar dia 7 de Março, das 9.30 às 13.30. Mais informações e inscrições, aqui.

Join our community to access exclusive photos, tutorials and your free illustration. Assine a newsletter e aceda a todos os conteúdos exclusivos para a nossa comunidade, entre eles a sua ilustração gratuita!

While away

Seven weeks.

Celebrating the year of the horse (my year!) with #embroidery for the #airembroideryclub

Walking in #lisboa #lisbon

Urban beach in #Lisbon. Gostei da praia do jardim do Torel #lisboa

Summer in the city #lisboa #lisbon

July's #airembroideryclub project in progress. A stitch here, a stitch there while the baby sleeps. #embroidery

#Summer solstice, allegedly.

O Zêzere e a Beira, coisa mailinda. #portugal #p3top #summer

Summer in #portugal

Thus ends our week at the beach. #summer #portugal

In green, satin stitch on the left, backstitch on the right. For the #airembroideryclub #embroidery #illustration

Foggy summit #monchique #portugal

#faro #portugal

Fim de verão na ilha de #faro #portugal #p3top

Many things happened while I was away. This, first of all. And after the shock of such abrupt and unexpected change, things started to slowly go back to a new normal.

Summer was spent between diapers, embroidery, ice cream, fun weekend escapes and a bit of traveling too. We went north and south and touristed around the country. Our baby dipped her toes in the ocean and smelled the sea breeze.

We had fun.

Now it’s time to ease back into work mode. There’s a new knitting workshop date announced (October 11th, here in Lisbon); the Embroidery Club is one year old and growing (come join the fun!); and I have some fun illustration work to share with you soon.

Thanks for being there.

*

Muito se passou enquanto estive ausente. O nascimento dos meus gémeos, em primeiro lugar, e a perda do meu bebé. E depois do (enorme) choque, a vida, como só ela sabe, começou logo o seu processo de regresso a um novo normal.

O Verão foi passado entre fraldas, bordado, gelado (finalmente sem diabetes!), escapadas de fim-de-semana e curtas, curtíssimas férias. Passeámos pelo norte e sul do país, ficam a faltar as ilhas. A nossa bebé molhou os pés no oceano, porque nunca é cedo demais para lhe incutir a nossa identidade atlântica.

Foi bom.

Agora está na hora de voltar ao trabalho: há nova data de workshop de tricot; o Clube de Bordado já fez um ano e continua a crescer (vamos?); em breve partilharei novos trabalhos de ilustração.

Obrigada por estarem aí.

Barcelona

Sunday stroll in #bcn

#barcelona

What's not to love about #barcelona?

What's not to love about #bcn ?

Pastas Alimenticias in #bcn #type

This #dragon was hard to capture. I wonder what this building was before; today it's a branch of a bank. #bcn  #umbrella

#bcn

#bcn

#bcn

Some of the many, many trophies #barça won #bcn

Chocolate, ice cream and macarons in #vioko #bcn

O vício. #chocolate #vioko #bcn

Ele há cidades que, não sendo Lisboa, conseguiram entrar directamente no meu coração. Barcelona é uma dessas cidades que quanto mais visito, mais gosto.

E vocês? De que cidades gostam mais? E quais gostariam de visitar?

(Outras cidades no meu coração: Medellín | Buenos Aires | São Francisco)

A zine de Janeiro está aí

We're in Panama, issue 32

Ei-la, a zine de Janeiro! Desta feita, uma amostra ilustrada dos posts viajantes que aqui hão-de chegar em momento oportuno. A zine fala da nossa viagem a terras do norte, onde passámos um Natal e um ano novo cheio de fresquete, roupa tricotada à mão e chazinho à beira da lareira. A não perder!

Para quem tiver vontade, aqui está o link para assinarem a minha newsletter. Assinem, assinem, prometo não bombardear caixas de correio: sai uma por mês; de vez em quando sai outra, a meio do mês, com os bastidores de um projecto em curso – diz quem assina que gosta muito de ler.

Yosemite National Park, Califórnia

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Yosemite National Park

O parque nacional de Yosemite é simplesmente maravilhoso. Localiza-se na cordilheira da Serra Nevada, que faz uma fronteira natural entre os estados contíguos da Califórnia e do Nevada. De Napa até Fish Camp, perto da entrada sul do parque, demorámos cerca de cinco horas. As distâncias no continente americano são sempre surpreendentemente grandes.

Ficámos instalados no Tenaya Lodge, um grande hotel de montanha, habituado a receber os visitantes que já não têm vontade de acampar ou não conseguiram reserva para o alojamento que se localiza em Yosemite Village. Apesar do tamanho, fomos exemplarmente recebidos e comemos sempre divinalmente no seu restaurante. Para além da comida deliciosa, há que falar também do serviço de mesa: que simpatia!

Ficámos três noites e dois dias completos no parque, o que foi suficiente. Ainda assim, quem tiver mais dias para lá passar vai sempre encontrar actividades para fazer e trilhos novos que descobrir. Todas as estações do ano têm os seus encantos e o Outono, especificamente, é lindo pelas cores das árvores de folha caduca, que mudam de cor. Tinham-nos prevenido que veríamos pouco caudal nas quedas de água, mas não ficámos desiludidos. Imagino que com o degelo sejam incrivelmente assustadoras e belas, mas com pouca água dão-se bem à fotogenia.

Yosemite National Park

No primeiro dia de visita entrámos no parque ($20 dólares por carro, válido por sete dias) e fomos em direcção ao centro nevrálgico, a aldeia de Yosemite Village. No caminho, logo a seguir ao túnel, parámos para uma vista panorâmica, na qual se distingue muito bem o traçado do antigo glaciar.

Yosemite National Park

Alguns quilómetros à frente, estacionámos o carro e fizemos um pequeno trilho para ir ver a Bridalveil Fall, que cai de lá de cima, do cimo das paredes a pique, até cá abaixo, a base do vale.

Yosemite National Park

Continuámos o passeio até ao parque de estacionamento da vila, que é servida por um conjunto de autocarros gratuitos. Deixámos o carro e seguimos para o acesso ao Mist Trail, um trilho que leva a várias quedas de água, piscinas, e até ao famoso Half Dome, um maciço de granito com uma forma peculiar que é o ex-libris do parque (e inspiração para a identidade da North Face).

Half Dome, Yosemite National Park

Este trilho tem a sua primeira porção acessível a cadeiras de rodas e carrinhos de bebés. Chega até à primeira queda de água, muito pitoresca, com árvores, esquilos e outros habitantes. A partir daí, começa a subida íngreme para chegar até Vernal Fall, uma queda de água alimentada por um riacho que se acumula numa piscina natural, uns quantos “andares” acima. O trilho é lindo e oferece, quase todo o tempo, uma vista linda sobre a cascata. À medida que se avança, o ponto de vista vai sendo diferente, até que, quando já não esperamos nada de novo, chegamos ao topo e… tudo é diferente, e lindo. Ver a cascata de cima e a piscina natural que se estende, placidamente, sem desconfiar que daí a poucos metros o seu curso será abruptamente interrompido, oferece uma sensação de recompensa por todo o esforço.

Yosemite National Park

Vernal Fall, Yosemite National Park

Yosemite National Park

No caminho vimos crianças pequenas, crianças de colo, adultos mais ou menos jovens, velhos muito jovens e toda a gente se encorajava e desejava boa sorte, que já faltava pouco e que iria valer a pena. E assim foi, valeu bem a pena.

Yosemite National Park

O regresso foi feito com os músculos já a começar a doer, mas felizes por termos a vista e a alma lavadas pela altura, pela sensação de missão cumprida, pelas vistas maravilhosas.

Quando chegámos à vila, procurámos almoço e ainda demos alguns passeios.

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Em todo o lado há instruções sobre como lidar com ursos, caso exista um encontro do terceiro grau. Não sendo especialmente agressivos, os ursos cheiram a comida e querem partilhar a merenda com os humanos, o que é mau em mais que um aspecto. Por um lado, há a tal possibilidade de um encontro um pouco mais próximo (e sangrento); por outro, a fome saciada pela comida humana provoca-lhes distúrbios gastro-alimentares (por que será?), rompe a cadeia alimentar e perturba o equilíbrio ecológico.

Enfim, vimos anúncios por todas as partes mas ursos, nada. Nas estradas, os sinais de trânsito mandavam os carros reduzir a velocidade, porque, lá está, a velocidade mata… ursos.

Íamos nós estrada fora, de regresso ao hotel, quando ao virar de uma curva vemos uma coisa castanha, a mexer-se, lá à frente, no meio da estrada. O meu fantástico condutor privado reduziu imediatamente a velocidade e ficámos a ver o que seria. Foram instantes que pareceram minutos, horas, até que entendi que era um urso. Um urso, um urso, é um urso!, e nada de acordar para a vida e tirar-lhe uma fotografia! Quando consegui, foi este o resultado:

I saw you!
(Eis o alçado posterior de um urso juvenil de Yosemite Park.)

Foi numa excitação total que continuámos o caminho e voltámos ao hotel. Um urso! Ao vivo! Sem ser em desenhos animados! E sem perigo! Já entendem porque é que Yosemite nos ficou guardado no coração… e porque é que este urso fugidio foi assunto tão discutido na zine de Novembro.

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Mariposa Grove, Yosemite National Park

No dia seguinte, o passeio começou em Mariposa Grove, um bosque de sequóias gigantes muito próximo da entrada sul do parque, onde estávamos localizados. Tivemos a bênção de ser agraciados com dois dias de tempo maravilhoso, e a verdade é que as cascas vermelhas destas árvores gigantes ficam mesmo, mesmo ouro sobre azul, quase literalmente.

Cada árvore é um espanto pela escala, pela idade, pela textura, pela fragilidade das raízes, pela incerteza do seu ciclo reprodutor. Para que possam nascer pequenas sequóias bebés, é necessário que haja um incêndio que queime as espécies menos resistentes ao fogo e se abram clareiras. O calor e a secura do fogo abrem as pequenas pinhas, que aí conseguem fazer espalhar a semente no chão. Depois, a sequóia bebé ainda precisa que a luz lhe chegue onde ela está, que é ao nível do chão. E isso é quase impossível quando há mais verdura por perto. Por todas estas razões, e porque as sequóias gigantes deste bosque têm mais de mil anos (algumas três mil), este é um sítio lindo, especial, mágico, onde passámos praticamente todo o dia a fazer todos os trilhos existentes. Cruzámo-nos com humanos e com bichos, nomeadamente este grupo de veados, que almoçava tranquilamente, sem se preocupar com os disparos das câmaras:

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Ao fim do dia, e com uma barrigada de imensidão arbórea, fomos ainda visitar Glacier Point, de onde se tem uma vista maravilhosa sobre todo o vale.

Yosemite National Park

Glacier Point, Yosemite National Park

E assim terminaram estes maravilhosos dias de férias, com uma nova cidade favorita nos Estados Unidos (São Francisco) e com uma paixão pela Califórnia.

Muir Woods e Napa, Califórnia

Saindo de São Francisco pela Golden Gate, o parque natural que é monumento nacional de Muir Woods fica a uma curta distância (de carro) e é fantasticamente imperdível. Fizemos o caminho passando pela marginal de Sausalito, uma vila à beira da baía, e depois virámos para o interior da península, serpenteando pela estrada até chegar à entrada deste bosque encantado.

Muir Woods, Marin County, California

Muir Woods, Marin County, California

Muir Woods, Marin County, California

O parque localiza-se num pequeno vale encaixado, onde é pouca a luz natural, filtrada pelas copas altíssimas. No meio, corre um ribeiro com o seu cantar. No ar ouvem-se os pássaros, que comunicam entre si, e os gritos dos esquilos. Ao visitante pede-se silêncio; afinal, para ouvir humanos já nos chegam as cidades.

Muir Woods, Marin County, California

O monumento, apesar de relativamente pequeno em área, tem um grande número de exemplares de sequóias (Sequoia sempervirens) e está muito bem preparado para visitantes de todo o tipo. Tem passeios mais rápidos para os apressados, mais longos para quem tem mais tempo. Tem passadeiras de madeira onde podem circular cadeiras de rodas e carrinhos de bebés e trilhos de areia pela encosta acima. Lá dentro, as placas informativas dão explicações sobre tudo o que tem que ver com o ecossistema, desde as famílias de sequóias, a idade delas, a história do lugar. Explica também a importância dos fogos naturais periódicos, que, ao incinerar as árvores mais pequenas e menos resistentes ao fogo, abrem espaço para que a luz diurna chegue ao solo e permita que as sementes de sequóia germinem.

Muir Woods, Marin County, California

De Muir Woods seguimos para Napa, onde éramos esperados para o almoço. Plano da tarde: provas de vinhos.

Wine tasting chez-Coppola Family

O tempo pôs-se cinzento e frio, bem outonal, muito apropriado ao calor que o vinho proporciona. Foi uma tarde óptima, que terminou com as celebrações de Haloween à americana: crianças a pedir trick or treat e nós a dançar num bar com um balde na cabeça, à guisa de disfarce. Adorei poder observar, de dentro do meu balde, as máscaras das outras pessoas.

(Aqui que ninguém nos ouve, delirei quando me pediram a identificação. Querem ter a certeza que eu tenho mais de 21 anos, e quem sou eu para dizer que não? Agradeço sempre o elogio!)

No dia seguinte, uma manhã luminosa e fresca, tomámos o pequeno-almoço na Bouchon Bakery, em Yountville. O pain au chocolat, o meu standard de apreciação (conhecem o índice Big Mac? É algo assim, mas em relação à qualidade do lugar), não desapontou. A única coisa, e lá volto eu à minha queixa habitual, é a mania de servir tudo em loiça descartável…

E depois do magnífico pequeno-almoço despedimo-nos dos nossos queridos anfitriões e seguimos viagem para Yosemite National Park.

Mais fotos aqui.

Última tarde em São Francisco

Depois da visita a Alcatraz, e com a chegada a terra, o nevoeiro levantou e o sol brilhou contra o céu azul, aquele azul que se vê em algumas latitudes, profundo, sem fim. Da doca, fizemos uma caminhada até à paragem do famoso cable car, um carro eléctrico movido a cabos e contrapeso, tal como os ascensores que temos em Lisboa.

Riding the famous San Francisco Cable Car

Geary St, Grant Ave.

Em Union Square saímos e daí fomos ao Britex, uma loja cara, mas linda e com muita variedade de tecidos e materiais de costura. Lá comprei um recheio para uma colcha em algodão puro, que carreguei o resto do dia ao ombro.

Contemporary Jewish Museum, San Francisco

Contemporary Jewish Museum, San Francisco

De lá continuámos em direcção até ao MoMA de São Francisco, aproveitando para passear pela zona. Passámos pelo exterior do Contemporary Jewish Museum, com a sua pegada arquitectónica extremamente invulgar, e almoçámos na cafetaria do museu. Apesar de ser necessário passar pela segurança, quase como se de um aeroporto se tratasse, a comida é deliciosa e tem pratos quentes e frios, todos servidos no inevitável prato descartável, com talheres descartáveis, mas compostáveis.

(Abro aqui um parêntesis para fazer a minha pequena reclamação: que mania é esta de comer tudo em prato e talher de plástico? Acaso dá assim tanto trabalho – ou implica tanto investimento – ter loiça verdadeira e talher de metal, lavável e reutilizável? Quem me explica? Fecho parêntesis.)

Inside the SF MoMA

Depois de almoço, seguimos para o MoMA. Não sei se tivemos azar na época da visita, se costuma ser assim, mas pareceu-me menos interessante que o seu primo nova-iorquino. Talvez tivesse as expectativas demasiado altas.

Quando saímos, o tempo voltou a encobrir-se e com as nuvens veio o frio penetrante, cheio de humidade e de nevoeiro. Iniciámos uma longa caminhada pela Mission St. desde o Museu até ao número 2889, onde se localiza uma taquería que nos foi muito recomendada, e por pessoas diferentes. Chama-se precisamente La Taquería e é simples e prático, mas a comida é deliciosa. Fora do México, foi o lugar onde comi os tacos mais deliciosos. Faz jus a todos os elogios que tem recebido e foi onde vi, pela primeira vez, a opção “no beans” (sem feijão) custar dinheiro.

Long walk on Mission St.

Long walk on Mission St.

Piñatas on Mission St.

Tacos at La Taquería, 2889 Mission St, SF

Quando de lá saímos, apanhámos um autocarro que nos aproximou do centro. Passámos pelo City Hall e vimos que estava decorado a preceito para, no dia seguinte, celebrar os San Francisco Giants, a equipa de baseball que ganhou o tal campeonato chamado de “World” Series, com a palavra world entre aspas.

SF City Hall

A noite não acabou ali. Tínhamos feito reserva e recebido, na volta do correio (electrónico), a palavra de passe para aceder a um speakeasy, outrora lugar clandestino de venda e consumo de bebidas alcoólicas, hoje só anónimo. Lá dentro, depois de mostrada a identificação, abriu-se-nos um mundo de cocktails deliciosos, feitos à mão pelo barman. Escondiam-se portas atrás de estantes e a casa de banho, de luz acesa, tinha menos luminosidade que uma noite de lua nova, o que contribuiu para o fantástico sabor das libações que pedimos.

Daí, voltámos felizes e cambaleantes até ao quarto de hotel, onde dormimos uma noite santa sem ouvir sequer um festejo pelos Giants lá fora.

Alcatraz

A visita a Alcatraz foi-nos muito recomendada, apesar de à partida parecer um programa um pouco sombrio. Comprámos os bilhetes online alguns dias antes (no Verão, os bilhetes devem ser comprados semanas antes) e nessa terça-feira, bem pela fresca, lá estávamos nós no cais.

São Francisco estava vestida a preceito para uma ida à prisão de segurança máxima mais famosa do país. O nevoeiro estava denso e baixo e o vento fazia a temperatura baixar uns quantos graus. A viagem de barco até à ilha demora cerca de vinte minutos. Dentro da zona do Parque Natural da Golden Gate, Alcatraz é uma área protegida e hoje serve de lar a muitas espécies da flora e da fauna endémicas.

Alcatraz

Alcatraz

Alcatraz

A história da ilha, como não podia deixar de ser, não é pacífica. Considerada pelos americanos originais como terreno sagrado, foi usurpada pelo governo e foi lá instalada primeiro uma fortaleza militar e, mais tarde, usada como prisão de máxima segurança. Esta foi a função que desempenhou entre 1934 e 1963 (se o artigo da Wikipédia não me engana). A prisão foi desocupada devido aos altos custos de manutenção, já que trazer mantimentos, água e luz não só para os reclusos como para todos os guardas prisionais e respectivas famílias, era mais caro que ter toda a gente hospedada num hotel de luxo.

Alcatraz

Alcatraz

A visita à ilha é feita com a ajuda de um áudio-guia incluído no preço da viagem. Em várias línguas, o texto é narrado de forma muito ilustrativa, com excertos dramatizados, e não é difícil imaginar a sensação de isolamento que os reclusos deveriam ter. Ao longe, por entre o nevoeiro, via-se a cidade de São Francisco, e quando o vento estava a favor podiam ouvir-se os ruídos da cidade, a música e até conversas.

Alcatraz

Alcatraz
Gostei de ver os hobbies dos reclusos.

A visita faz-se em duas horas, mais coisa menos coisa, conforme o ritmo do visitante. E vale mesmo a pena.

Alcatraz

Alcatraz

Alcatraz

Alcatraz

Mais fotos aqui.

A Golden Gate

Uma das experiências mais fantásticas do ano – lá perto da subida ao vulcão Acatenango, na Guatemala – foi passar a histórica ponte Golden Gate de bicicleta.

São Francisco é uma cidade de colinas, tal como a nossa querida Lisboa, mas isso não impede que haja muitos ciclistas, e cada vez mais turistas a optar pela bicicleta como forma de se moverem na cidade. Há várias lojas especializadas no aluguer de bicicletas a quem não conhece a cidade e quer, precisamente, ver a ponte de perto. Assim fizemos: olhámos pela janela do quarto, o dia estava bonito, não estava calor, estava até um pouco fresco, o que seria ideal.

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Descobrimos nesse dia que a ponte é, de facto, garota tímida e que o mais provável é estar envolta em nevoeiro, mesmo quando há céu azulíssimo por todos os lados. E sabem o que há dentro do nevoeiro? Frio. Muito. E água, água que por acaso ficou pousada sobre as fibras do meu querido casaco tricotado à mão.

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O acesso à ponte é fácil, está bem indicado, e da cidade passamos a ciclovias numa zona chamada Crissy Field, que outrora foi uma base aérea militar, com pista de aterragem e tudo (daí ser uma faixa fina ao longo da costa) e que hoje é um parque natural urbano. Vêem-se pessoas na pequena praia contígua, gente com papagaios de papel, muitos desportistas.

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Já mais perto da ponte, passámos do azul quase estival para um cinzento invernoso, frio e molhado. Enfrentámos a nuvem e a subida e chegámos ao tabuleiro da ponte, onde circulámos no passeio que nos competia. No sentido sul-norte, fomos pelo passeio do lado este, que partilhámos com peões. Já no regresso, imposição horária, regressámos pelo passeio oeste, onde só circulam bicicletas.

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Foi uma emoção passar a ponte e não resisti a parar algumas vezes para tirar fotografias.

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Do outro lado, um miradouro com uma vista linda sobre a cidade de São Francisco, que naquele momento também se decidiu esconder atrás do nevoeiro. Linda, na mesma, porque aquele manto branco só lhe aumentou o charme e a aura de mistério.

Hello, San Francisco!

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Deixámos o sol lindo que banhava a margem norte da ponte e o miradouro e voltámos a penetrar a nuvem, para regressarmos à margem sul – e à cidade. Na descida dos acessos, tivemos de parar na Warming Hut, uma casinha com um pequeno café e uma loja – giríssima, tudo em São Francisco é giro, que podemos fazer? – para nos aquecermos.

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Dali continuámos o passeio, desfrutámos as paisagens lindas e várias dores musculares mais tarde entregámos as bicicletas. Nessa noite, caríssimos leitores, já só conseguimos andar de táxi.

São Francisco

Depois de Orlando, voámos até São Francisco, cidade que me conquistou completamente.

No primeiro dia em que lá estivemos, fomos brindados com um magnífico céu azul, sem nevoeiro. Quem visitou sabe que a famosa ponte Golden Gate, a irmã mais velha da nossa querida 25 de Abril, se costuma esconder pudicamente debaixo de um manto branco. Pois naquele dia, não. Estava linda, linda e desavergonhadamente vermelha contra o céu azulão de Outono.

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Na baía, à direita, Alcatraz; à esquerda, a Golden Gate, a entrada dourada para a baía de São Francisco.

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Em Chinatown viajei no tempo até à minha adolescência em Macau.

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Não sei se se entende bem o fascínio que uma cidade cheia de desenhos e de letras pode suscitar a uma ilustradora e designer gráfica… Não conseguia parar de tirar fotografias, e estas que aqui vêem são apenas uma breve e concisa selecção.

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A Coit Tower sobre a colina.

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Ei-la. Erguida como forma de agradecimento à cidade e aos bombeiros locais, a Coit Tower foi a primeira torre a ser erguida na cidade e, apesar de não ser a mais alta, é a mais alta ali da zona. Lá dentro, está toda decorada com murais encomendados a vários pintores, alguns muito revolucionários. Mais informação sobre a torre aqui.

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Vista de lá de cima, a Golden Gate, ao longe, sem nevoeiro. Ao longe, consegue ver-se a porção de Lombard Street às curvinhas (a parte de rua totalmente arborizada). Com os seus canteiros lindos, a rua é realmente apetecível. Talvez só não para viver.

Nesse dia aproveitámos para andar a pé pelas ruas da cidade, subimos e descemos, entrámos por Chinatown e continuámos, subimos à Coit Tower e tivemos uma panorâmica maravilhosa. Ao certo, não sei quantos quilómetros andámos, mas foram muitos.

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Eis a vista oposta à anterior, em que estamos no cimo de Lombard Street e olhamos para a Coit Tower. Estão a vê-la?

Depois da Coit Tower seguimos pela Lombard Street até chegar à porção das voltinhas, assim desenhada para resolver a questão da extrema inclinação da rua, qual esquiador inexperiente (eu, portanto).

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Daí continuámos o nosso passeio em direcção ao cais, evitando cuidadosamente o Fishermen’s Wharf. Que dizer? É uma imensa armadilha para turistas, zona cheia de lojas de recordações originais da Califórnia, feitas na China. Mas dirigimo-nos portanto para o cais, e daí na direcção da Golden Gate. Vimos gente a nadar numa pequena praia, a treinar de fato isotérmico completo. Não é que estivesse frio naquele dia, mas a água estava gelada, claro, afinal é o Pacífico que ali chega, e estávamos no fim de Outubro.

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Este edifício, antes um balneário para marinheiros, hoje um espaço público, fez-me lembrar a nossa Estação Marítima de Alcântara.

Depois voltamos a afastar-nos do mar e a entrar pela cidade adentro, e aí começou a chegar o danado do nevoeiro, e com ele um frio cortante. Subimos pela Polk Street, que nos levou através do bairro Russian Hill e nos presenteou com muitas letras bonitas, montras lindas e cafés cheios de gente.

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Nessa noite, os San Francisco Giants jogavam uma partida decisiva de baseball e, se ganhassem, seriam os campeões da “World” Series. As minhas aspas na palavra World são irónicas, claro, porque este é um campeonato que se confina a uma parte do mundo que se situa na América do Norte, apesar de se chamar de “mundial”. Há que sorrir sempre.

Os SF Giants ganharam, claro, e foi entre curiosidade e algum receio que vimos o início dos festejos. Depois, retirámo-nos alegremente para o quarto. No dia seguinte ficámos a saber que até um autocarro tinha sido queimado…

Mundialices locais à parte, o dia foi excelente, com um tempo não só maravilhoso como também excepcional, como ficámos a saber logo no dia seguinte. Mas isso fica para o próximo post!

Mais fotos aqui.

Orlando

Orlando é uma pacata cidade da Flórida, que vive à sombra dos muitos parques temáticos e centros comerciais outlet que existem nos seus subúrbios. Mas teria sido uma pena não visitarmos a baixa da cidade. E por isso, no último dia em que estivemos na Flórida, fomos até à baixa de Orlando. Em pleno dia de trabalho, é uma baixa adormecida, com pouca ou nenhuma gente na rua, pouco comércio, poucos restaurantes e poucas actividades. Para além do sempre presente Starbucks, pouco mais há a referir em termos de animação na rua.

Não tivesse sido, claro está, a enorme surpresa de nos passarem um folheto na rua a convidar-nos para assistirmos a uma exibição gratuita do conhecido Cirque du Soleil. Lá fomos nós. Como seria de esperar, valeu bem a pena. Por um lado, porque as exibições do Cirque du Soleil são sempre magníficas; por outro, porque assim pudemos ver, concentrados num só lugar, praticamente toda a gente que existe na baixa de Orlando.

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Cirque du Soleil, live in Downtown Orlando

Quando a actuação terminou, continuámos a passear pela cidade. Apanhámos o autocarro gratuito que liga toda a baixa até ao terminal rodoviário e vimos a biblioteca, de fora. Por isso, no regresso visitámo-la por dentro. Como seria de esperar, é uma biblioteca muito bem equipada, com gente lá dentro, muitos títulos, temas da semana expostos como se de uma livraria se tratasse. Também dispõe de filmes e audiolivros, o que me pareceu fantástico. E ainda tem uma secção para leitores juvenis onde os adultos não podem entrar.

Downtown Orlando

Quando terminámos, seguimos em direcção ao lago. Orlando, apesar de ser na Flórida, está no interior do estado, pelo que este lago lhe dá o pedaço de água que qualquer cidade necessita. Tem patos, cisnes e outras aves cujos nomes desconheço, e muitas, muitas regras.

Downtown Orlando

Downtown Orlando

Downtown Orlando

Depois do passeio pelo lago procurámos, com bastante empenho, um lugar onde almoçar. Não foi fácil, mas encontrámos um casa de tacos onde, pelo menos, podíamos ver que os ingredientes eram frescos e evitar que pusessem cinquenta e três molhos cheios de gordura.

(O meu truque, na Flórida, foi pedir saladas. As doses são familiares, mas pelo menos a alface é fácil de digerir…)

Downtown Orlando

Downtown Orlando

Downtown Orlando

Depois do almoço, e vista a baixa da cidade, procurámos uma livraria no GPS e assim fomos até um bairro asiático, desenhado para ser percorrido de carro, com avenidas de três faixas e quarteirões muito grandes, parques de estacionamento em todo o lado e ninguém na rua.

No dia seguinte, voámos até à Califórnia, onde descobrimos uns Estados Unidos totalmente diferentes…