Category: tricot

Frio

Com a chegada do Inverno, aproxima-se também a temporada de ski, momento muito esperado aqui nesta casa (mais por um que por outra). Enquanto contamos (alguém mais que eu) as semanas até à partida para Ushuaia, tricoto alegremente os gorros e passa-montanhas a usar nas extremas temperaturas austrais. Sim, porque aparentemente as temperaturas sentidas lá no sul não são para os betinhos que vão a Bariloche (nós, no ano passado) ou a Las Leñas, praticamente tropical (nós, há dois anos).

Em regime de preparação para o frio, estou no processo de tricotar este passa-montanhas:

Passa-montanhas

Depois de já ter tricotado este gorro…
my cabled hat
…que estreei esta manhã, depois de ver na televisão que a temperatura era de -0,3ºC (acho que os senhores da televisão devem ter adorado ir buscar o “menos” à biblioteca de símbolos estranhos e raramente usados).

E tricotei este e também o bordei (onde ficaste tu, ponto cruz, depois de tantos anos de tortura e de sofrimento?):
DSC03660

É, não dá para ver mas é o monograma de certa pessoa desta casa. O que uma pessoa faz por amor!

Sobre a vaidade

my sweater, now completed!

Ou talvez não. Talvez não seja “sobre”, mas sim “a vaidade”. É a vaidade de quem terminou total, definitiva, completamente a camisola azul, já com o galão (comprado aqui) cosido. (Falta o queque, ou o bolo de arroz, e já acabava a piada sem piada!)

Gosto tanto desta camisola! Ele é a lã, fiada e tingida à mão, comprada directamente ao produtor durante a Feira de Artesanato de Buenos Aires; ele é a cor, que me faz lembrar o mar; ele é onde a tricotei, aqui na Argentina e também na Austrália, durante a nossa lua-de-mel, enquanto o “Jarbas” (perdão, Príncipe) me conduzia pelo lado esquerdo da estrada e víamos paisagens lindíssimas.

Nesta camisola aprendi a coser um fecho num tecido tricotado (não que soubesse em tecidos não-tricotados, convenhamos, mas é sempre bom aprender) e a pôr-lhe um galão por cima. E agora tento usá-la o mais frequentemente possível, porque a adoro e também porque este azul espanta os cinzentos típicos do Inverno e eu, pelo meu lado, fico muito mais feliz.

Mas agora já chega de tricotar camisolas para mim. Agora são gorros para o ski e mantas para o sofá.

Um dia esta casa ainda vai estar coberta de coisas tricotadas. Ora deixa cá procurar uma receita para um tea cosy maneirinho…

De partida!

Armada de passaporte, e-visa e mais não sei quantas códigos de coisas electrónicas, aqui vamos nós para a nossa aventura australiana. Longe vão os dias em que os passaportes iam para a embaixada australiana em Paris (como nos aconteceu em 1998) e que os vistos custavam “pra cima de um conto e quinhentos”. Agora é tudo um despacho, tudo electrónico, tudo feito através da internet. Viva!

O nosso périplo vai-nos levar a Sydney, Hobart, Melbourne, Cairns, Brisbane e, de novo, Sydney. Quando voltarmos, vamos sair de Sydney e aterrar em Buenos Aires no mesmo dia, à mesma hora, só que com umas quinze horas de intervalo entre um momento e outro. Foi assim que o Willy Fogg ganhou a aposta dele!

Já preparei a leitura e o tricot que vou levar e já registei as moradas de lojas de lãs, de livrarias e também a hora e o local do encontro de tricotadeiros e tricotadeiras em Sydney, ao qual vou tentar não faltar. Já comprei soro fisiológico para irrigar o nariz ressequido da viagem e já separei creme para as mãos, para aguentar o ar enlatado trans-oceânico e quiçá trans-polar. E… aqui vamos nós! Até à volta!

O chamado amor à camisola

...I´m actually wearing the pure wool sweater!

Diz que o amor à camisola não é bem isto, que é outra coisa assim, sei lá, mais nobre. Mas esta camisola com mochinhos deixou-me totalmente apaixonada e desejosa (eu, desejosa!) que chegue o Inverno (eu, desejosa que chegue o Inverno, sendo que de há dois anos para cá me sinto perseguida por Invernos atrás de Invernos, sejam austrais ou setentrionais!).

Acabei-a no Sábado, aliás, para verem a extensão do fenómeno, até me levantei mais cedo do que a hora a que me levanto durante a semana para lhe poder ir coser os botões. E, para verem mesmo a loucura, quando terminei de coser os botões vesti-a (apesar do calor e da humidade que se faziam sentir), fotografei-me e fiz-me fotografar em diversas poses, com diferentes graus de detalhe, ao sol e à sombra, enfim, toda uma miríade de opções.

Depois disto, não sei. É como terminar um livro tão, mas tão bom, que uma pessoa se sente um bocado órfã. Sim, é isso, sinto-me órfã de camisola.

(Para os possíveis interessados, a receita, gratuita, encontra-se aqui.)

Fim-de-semana, tão longe me vais ficando…

Juro que não é para fazer inveja a quem está a passar dos Invernos mais rigorosos dos últimos anos, mas a verdade é que já tinha muitas saudades do Verão. Para quem está no Brasil, nada desta converseta faz sentido. Mas para quem está em Portugal, lembrem-se que enquanto vocês estavam na praia, eu estava a ter Inverno. Aliás, às vezes sinto que estou sempre no Inverno, ou que o Inverno me persegue, com frio, chuva e pés molhados.

Ainda bem que isso acabou, pelo menos por mais um par de meses – espero!

by the pool - oh, how I love you, dear summer

Mas entre banhos de sol e de piscina comecei a leitura de um livro muito perturbante, “As Benevolentes”, de Jonathan Littel. Foi presente da minha tia há já um ano, mas só agora o comecei. Não só a temática é pesada como o próprio livro também: na balança digital do quarto do hotel onde estivemos aproveitei para o pesar com exactidão e o mostrador devolveu-me um valente kilograma e meio. É muita cultura, poderia eu pensar, mas dada a temática é mesmo muita matança.

(a história, resumindo-a muito, é a Segunda Guerra Mundial contada por um oficial alemão. Que isto não vos desencoraje porque o texto é muito interessante, sobretudo por nos permitir ler algo que foge da perspectiva “dos bons” e “dos maus” da guerra. Não é aconselhável a estômagos fracos, mas é realmente um livro marcante.)

Voltando às coisas boas do Verão (e quantas vezes pensei eu, ao ler aquelas páginas, que bom era estar a lê-las e não a vivê-las), descobri que o tricot à beira da piscina é uma actividade muito relaxante. E não estando o dia abafado, ninguém chega de facto a torrar apesar de ter uma ovelhinha em forma de camisola a nascer no colo.

Portanto tricotei, tricotei, tricotei.

Owls today

Quando me cansei, li, li, li. Nadei, apanhei sol, jantei muito bem, passeei ainda mais. Viva o Verão!

Esta malandreca

lost luggage
A malandreca da minha mala achou que devia ficar mais uns dias no Brasil, sozinha, sem mim. Tem algum jeito? Felizmente ganhou juízo e veio ter comigo, inteirinha, fechadinha, completinha. Linda menina. Trouxe-me iguarias como doce de tomate da mãe e azeite do pai, novas lãs, lindas e as minhas queridas agulhas de madeira. Chegou tudo. Ufa.

Vou ali dar-lhe mais uns beijinhos e as boas-vindas a casa.

Boininha para a sobrinha!

Beret_02

Esta semana tem sido muito preenchida com trabalho, portanto nem tenho energia para muitas reflexões nem apontamentos caricatos sobre o que quer que seja.

Mais fotografias da boina aqui.

Ufa, finalmente é Sábado!

Que semanas têm sido estas! E eu que pensei que por ser Verão no hemisfério norte (onde estão quase todos os meus clientes) teria um mês de Julho mais tranquilo. Não. Aliás: felizmente, não! Tenho tido muito trabalho e muitas horas de computador, daí não andar a ligar grande coisa aqui ao “Entre”.

Mas este post é mesmo sobre as coisinhas que tenho andado a fazer quando me afasto do computador… e isso é que é divertido!

Puzzle terminado. O Paulo colocou a última peça (e a maioria das outras peças antes da última, há que dizê-lo). Este puzzle deve ser dos meus preferidos de todos os tempos e já foi a terceira vez que o armei. As outras duas foram com a Bau, que teve a mega-amabilidade de o mandar para cá para preencher os nossos serões de Inverno! O puzzle é o “life of the party”, marca Springbok. As peças são totalmente malucas, com formas completamente diferentes. Com o puzzle terminado, podemos pegar por uma ponta e ele não se desfaz. Uma maravilha da técnica!

(E, para quem possa estar a estranhar a terceira montagem do puzzle, a tradição por cá é a seguinte: fazer o puzzle; para o arrumar, parcelá-lo em “folhas” do tamanho da caixa, ou seja, não o desmontando; quando apetece voltar a fazer, desmancha-se todo e volta-se a montar. Maluquices nossas!)

Outra coisa terminada é a camisola verde.

Green sweater_07

http://flickr.com/photos/airdesignstudio/2725573527/sizes/s/in/set-72157606507923291/

Green sweater_06A camisola verde foi feita com esta receita: Purl Soho´s Child Placket Sweater. Tenho ali ainda um rosa velho e um amarelo, para mais duas camisolas iguais.

Esta camisola serviu de treino para várias coisas: primeiro, para fazer camisolas em agulhas circulares e não ter de coser os lados. Estas agulhas, para além de pesarem muito menos, distribuem o peso da camisola e cansam muito menos os pulsos, particularmente útil para quem passa dias a fio sentada ao computador e tem tendência para arranjar as detestadas “ratites”. Por serem pequeninas, estas agulhas também são práticas para viajar, ir a cafés e restaurantes (enquanto espero pela mesa).

A camisola também serviu de treino para a camisola que hei-de fazer para o meu/a minha sobrinho/a que está para nascer. É verdade, sim senhores, vou ser tia pela segunda vez e estou a adorar! Ainda por cima porque para a Carolina não tricotei nada em pequenina (tricoto-lhe agora!); mas para o segundo já me encomendei uma camisolinha a mim mesma. Estou, portanto, a aperfeiçoar a minha técnica.

Se, de repente, der a algum leitor deste blog a macacoa e tiverem uma vontade súbita de ver mais fotografias desta camisola (quem souber quantas lhe tirei ainda acha que é um monumento, mas não!!), ora faça o favor de se dirigir aqui.

Mas nem só de tricô se fizeram estes dias. Também frequentei um workshop de Encadernação sem adesivos na Papelera Palermo. Hoje estive alegremente a tirar fotografias aos livros e sou capaz de me ter entusiasmado um pouquinho no processo. Ora vejam: há fotografias do primeiro livro, aqui; do segundo, aqui; do terceiro, aqui; do quarto, aqui e de todos juntinhos, aqui.

E estas, só para aguçar o apetite:

All books_01

All books_04Mnham, mnham! Parece uma salada de frutas!

Enfim, posto isto, acho que posso despedir-me com a sensação de dever cumprido (impingi fotografias que não interessam a ninguém!).

Hmmm…. obrigada? Voltem sempre?

My first socks: finished!

They´re done! Followed knitty.com´s “Generic sock pattern” and managed to finish!

Leituras

Em matéria de leituras ando muito preguiçosa. Não sei qual a razão (hmmm… cansaço?), mas quando chego à cama, lugar privilegiado para as minhas leituras quando não estou de férias (quando estou de férias, é sempre e em toda a parte), estou tão exausta que a única coisa que consigo fazer é apagar a luz e adormecer. Por isso, não tenho lido praticamente nada, nem sequer revistas. Muito atípico.

Por isso, coloco aqui um link para algo que vou experimentar para contrariar a tendência da não leitura: é um sítio onde há ficheiros de música com a leitura de livros (audiobooks; há palavra em português?) cujos textos já estão no domínio público. A leitura é feita por voluntários e, como tal, os ficheiros são gratuitos. Vou começar a ouvir “Little Women”, de Louisa May Alcott, enquanto trabalho ou tricoto. Depois falarei da minha experiência. Não espero que se estabeleça uma relação como quando há um livro entre mãos, mas não nego à partida uma ciência que desconheço.

Encontrado via Sticks and Strings.

Sábado de Alegria

Temos tido uns dias cheios de eventos sociais. Já diz o ditado: não há fome que não dê em fartura! Depois de tanto tempo de isolamento e quase reclusão por estas bandas, agora a nossa vida social anda muito mais rápida do que eu. Entre casamentos em Santos e jantares com portugueses cá em Buenos Aires, temos também o “casamento-no-mesmo-dia-que-o-Cirque-du-Soleil”. Foi no passado Sábado: mascarámo-nos de gala e fomos à Igreja ver os noivos trocar as alianças; saímos e fomos para a tenda do Cirque, na Costanera Sur. Vimos o espectáculo (e que espectáculo!) e saímos para jantar, dado que no casamento a refeição já tinha sido servida. Depois de jantar (e com isto já passava da uma da manhã – e lembrem-se de que à noite tenho menos energia que uma aposentada depois de uma vida inteira de trabalho) fomos para a festa do casamento, onde estivemos a dançar até não dar mais.

E não deu mais pouco tempo depois.

O dia seguinte, tal qual um epílogo pós-desenlace, foi passado em absoluta vegetação entre sofá e chaise-longue, a tricotar e a ver televisão.

E assim pude terminar a minha primeira meia tricotada:

O problema de tricotar meias é que é preciso fazer outra igual…

Terminei o meu primeiro tricot!


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Originally uploaded by Ana Isabel Ramos

Estou curiosa por saber como é que isto vai funcionar. Passo a explicar: estou a escrever um post a partir do flickr, e não sei muito bem como é que resulta. Queria pôr-lhe mais imagens, mas não sei como…

Ora aqui vai: esta é a primeira peça que faço em tricot depois de adulta. Já tinha contado antes, ou não?

As minhas primeiras “tricotagens” foram-me ensinadas por uma equipa de competentes tricotadeiras: Mãe e Avó Mariana.

(Parêntesis que se impõe:

Duas mães e duas filhas vão à missa com três mantilhas. E todas levam mantilha!

Neste caso: duas mães e duas filhas tricotam três cachecóis. E todas tricotam!

Fecha-se o parêntesis, talvez mais claro para quem conhecia a matriarca da família e a quem, de uma forma algo retorcida – se analisarem bem as costuras, vão ver que sim! – aqui rendo homenagem.)

Passaram-se anos e anos e, à beira dos trinta, voltei a tricotar, apesar de ser Verão e tirar fotografias com cachecóis seja puro sofrimento.

E pronto, o resto já sabem.

Vamos lá ver como fica este post, directamente a partir do flickr.