If you´re looking for my blog post on Blog Action Day, please visit my other blog.
(I regret that this post is only available in portuguese.)
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O meu post para o Blog Action Day 2008 está no meu outro blog. Para visitar, é aqui.
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Este é o meu post para o Blog Action Day 2008.
O tema deste ano é “pobreza”. Não é exactamente “luta contra a pobreza”; se fosse, não sei bem o que escreveria, já que tenho a sensação de que todas as coisas que temos feito (de um modo geral e também do ponto de vista particular) não têm surtido grande efeito. A pobreza continua a grassar e, ainda por cima com esta super crise financeira, a aumentar. Não querendo entrar pela temática da crise financeira ao abrigo da minha nova atitude o que é preciso é saudinha, menina, acho que uma das coisas que realmente carece de eficácia é mesmo a luta contra a corrupção. Acho que essa, sim, poderia ajudar bastante a combater a pobreza.
Dada a minha incapacidade-barra-falta-de-vontade de discorrer sobre a luta contra a corrupção, quero apenas contar o que senti ao visitar as minas de Potosí, na Bolívia, momento sobre o qual já aqui escrevi.
Casebres à entrada de uma das minas do complexo de Cerro Rico, em Potosí, na Bolívia.
Cabe aqui explicar, em modo de preâmbulo, que a cooperativa de mineiros abriu a mina ao turismo com o objectivo não só de dar a conhecer o seu trabalho mas também porque as receitas das visitas constituem uma grossa fatia dos seus rendimentos mensais. Para dizer de outra maneira, não foi o turista ou a perversa máquina do turismo que subiram pela montanha acima para ir explorar aquelas pessoas, mas sim uma situação de que ambas as partes beneficiam.
Acho que já todos contactámos com a pobreza, de forma mais ou menos próxima ou mais ou menos permanente. Mas nesta visita às minas contactei com talvez o seu pior aspecto: a total e absoluta falta de perspectivas de melhoria. Esta ausência de perspectivas é tão imensa e tão presente que me pergunto se aquelas pessoas imaginam sequer ser possível existir outras realidades. Admito que sou ingénua e que gosto de o ser. Não acho que aquelas pessoas sejam estúpidas, pelo contrário. Acho apenas que, pura e simplesmente, não sabem nem conseguem imaginar outra vida que não aquela, e isso é que é especialmente aterrador.
Foi nas crianças que mais notei a crueldade desta premissa: aos sete ou oito anos já têm uma camada de caliça incrustada na pele, que, juntamente com a sujidade, lhes forma uma espessa crosta e uma maior carapaça. Têm uma visão cínica da vida, do futuro e muita dessa acidez é canalizada para os turistas que os visitam. Fomos recebidos por meninos sem idade a mandarem-nos pedras com uma fisga, algo que, dado o contexto, equivale vagamente a cuspir na sopa. Mas ao aproximar-nos da entrada da mina percebemos melhor o que o futuro lhes reservou: tabaco, álcool e folhas de coca, uma mistura boa para os deixar atordoados e conformados com a vida. Para eles existe um buraco escuro cheio de pó, dinamite, arsénico e outras coisas que tais, que lhes garantem uma vida curta e um obstrução pulmonar crónica.
Foram estes miúdos sem caras, sem expressões e sem olhar que me fizeram tremer e desejar ardentemente chegar à cidade seguinte no nosso percurso, a cidade universitária de Sucre.
E cada vez mais penso: é certo que pobreza é não ter acesso a alimento e a água potável. Mas é sobretudo a falta de sonhos, de perspectivas de uma vida melhor e de acesso à educação. A pobreza está em todo o lado.
Estive a pensar bastante no que havia de escrever para o post do Blog Action Day, este ano com a temática do “salvemos o planeta” (ou semelhante).
Quem me conhece sabe que sou (ou era) bastante “eco-melga” (uso aqui o termo da Margarida, da Inês e da Danuta – e desde já peço desculpa se me esqueço de algum nome, não é intencional.). Mas o estudo para a tese de mestrado e a vinda para a Argentina fizeram-me alterar um pouco a minha posição anterior, talvez um bocado extrema e, inclusivamente, zangada.
Vamos então por partes. Primeiro vamos ao termo “eco-melga”.
O termo é lindo. É lindo porque descreve exactamente aquilo que todos deveríamos ser – com contenção – e aquilo que muitos são – excessivamente. A verdade é que uma coisa é tentar mudar hábitos e incorporar novas práticas no dia-a-dia, como a separação do lixo ou a utilização de sacos de pano, prescindindo dos de plástico. São coisas que, aos poucos, se tornam tão naturais (“como a sua sede”) que já nem se consegue imaginar fazê-las de outra forma. Outra coisa muito distinta é tornar-se um pregador dos hábitos “verdes” e zangar-se com quem não colabora. Isso é chato, talvez mesmo chatinho e não ajuda. Não ajuda porque, em primeiro lugar, gastamos neurónios e paciência de forma inútil; em segundo lugar porque nos tornamos nos “chatos” que não deixam que se faça nada.
E aqui chegamos ao segundo ponto: os ambientalistas muitas vezes são vistos como “os chatos que não deixam que se faça nada”, ou seja, aqueles que se opõem ao progresso. Para mim, este é o ponto mais importante de todo o post: é que a defesa do ambiente muitas vezes é vista como um entrave ao desenvolvimento. E, por incrível que pareça, será que muitas vezes não o é?
Através do Nuno, tive acesso a este artigo muito interessante sobre o conceito de “carbon offsetting” (peço desculpa mas não sei o termo em português: “compensação de emissões de carbono”?). O conceito é simples: o pagamento de determinado valor correspondente à emissão de carbono de certa actividade que vamos desenvolver, como uma viagem, por exemplo. Esse valor é pago a uma empresa que o destina a certo fim, supostamente ecológico. O que este artigo critica é a escolha dos fins “ecológicos” a que se destinam estes valores. Apontam como exemplo a ajuda dada a certa comunidade de um país do Terceiro Mundo: bombas de água movidas a energia humana, para não emitir mais carbono. Resumindo: eu posso viajar à vontade porque alguém vai receber dinheiro para continuar a trabalhar a energia humana. Ou seja, algo que eu não quero fazer, porque senão iria a pé ou de bicicleta!
Parece-me que esta “consciência ecológica” é um verdadeiro entrave ao desenvolvimento humano: não é justo, na minha opinião, que os agricultores do Terceiro Mundo tenham de trabalhar com a energia muscular só porque é melhor para o ambiente. E os agricultores do Primeiro Mundo? Alguma vez estariam dispostos a abdicar da sua maquinaria? A tal que produz emissões de carbono? E que permite que eu pague um preço relativamente baixo pelo quilograma de farinha de trigo? É justo que se viva tão bem no Primeiro Mundo e tão mal no Terceiro? É justo que se viva tão bem no Primeiro Mundo à custa das más condições de vida no Terceiro?
Suavizei um pouco a minha posição “eco-melgueira” quando estudei para a tese de mestrado e, posteriormente, vim para a Argentina. Cá, a recolha de resíduos separados é praticamente inexistente. A instalação de contentores para a reciclagem foi feita em vésperas de eleições e denota clara falta de planeamento. Os contentores estão colocados longe das casas, ou seja, para alguém ir deitar um saco cheio de embalagens ou de garrafas de vidro tem de andar, pelo menos, uns 300 ou 400 metros. É fazível? É. É prático? Nada. Será que temos mesmo legitimidade de andar a insistir com as pessoas para que separem o lixo se depois têm de andar tanto para o ir depositar nos contentores? E, finalmente, depois de despejados os contentores, para onde vão os resíduos? Que informação temos de que são mesmo reciclados? Nenhuma. Pois é, cá na Argentina deixei de separar o lixo.
Os parágrafos anteriores servem de preâmbulo àquilo que eu acho que é verdadeiramente o cerne da questão para o desenvolvimento sustentável: a solução está na tecnologia. O progresso tem de ser visto como um avanço para o bem-estar de todos, ou seja, vamos pôr a tecnologia ao serviço das pessoas, e não de apenas alguns negócios. A solução está em novas tecnologias que encontrem fontes de energias não-poluentes (eu não incluo nesta categoria a energia nuclear!), para podermos deixar de vez a nossa dependência do petróleo (e para os agricultores do Terceiro Mundo poderem descansar mais, produzir mais, comer mais e viver melhor). A tecnologia que permita o acesso de todos a água potável, para que as pessoas que vivem em África (e em tantos outros sítios) não tenham que andar quilómetros para poderem hidratar-se.
E, depois disto, claro, a erradicação da corrupção. Mas isso é matéria para outro post, que este já vai bem longo.
É simples, é fácil, talvez seja eficaz.
Tomei conhecimento desta iniciativa no blog da Rosa Pomar e também vou participar. A ideia é que se escreva um artigo relacionado com o tema proposto anualmente. E este ano é a defesa do meio ambiente.
De maneira que, amanhã, cá postarei um artigo sobre o assunto. Quem tiver vontade, vá ao site do Blog Action Day e registe também o seu blog.