A few days ago, I was waiting for a client’s response and had a few minutes for a pause. I grabbed the knitting I have in my studio – a pair of socks – and added a few more rows. Not much, really, but as I moved from one section of the sock to the next, I looked at what I had accomplished and felt a sense of wonder, and surprise. The sock was much longer than I remembered it to be, which was specially impressive given that I work on it only when I have a few moments to spare.
That sock is the perfect analogy for what I want to talk about today. I may have read this in Liz Gilbert’s latest book Big Magic, which I just read, or maybe not, I can’t recall. It certainly makes a lot of sense: “Art is made in bits of stolen time.”
When thinking about what I wanted to write about today, I thought of a trip my Prince and I took a few years back to Guatemala. One of the most memorable experiences over there was climbing the Acatenango volcano up to its crater, at about 3970m above sea level. We went with two guides, in a group of maybe 6 or 7 people. We started our journey at 2200m above sea level, on a sand-like terrain. It was the hardest experience for me, as my lungs burned and my legs threatened to collapse under the weight of my body. After thirty minutes, I thought about quitting. At that point, I felt I was holding everyone back and I wouldn’t be able to keep up everyone else’s pace. To tell you the truth, I felt disappointed. I couldn’t understand feeling that way, even when I thought of myself as being an active person.
We were climbing in line, walking a narrow path, and I was way behind, feeling like I couldn’t keep up. I could not fathom, for the life of me, how could the others be walking up so easily, almost as if they had a motor running in their legs.
The guide, seeing that I was about to quit, deliberately delayed his step and came walking near me. He told me that I would indeed get to the top, if I took small, even baby steps if I needed. But most of all, to never stop. Taking small steps would make it easier on my lungs, I would feel less tired, and that would be the only way to get to the top. Trying to keep up with the others would not take me there; it would instead exhaust me and require me to stop more often and suffer more whenever I would have to resume walking.
I took his advice to heart and gave my best to take small, manageable steps and indeed the more I walked the less tired I felt. When I stopped for a sip of water or a snack, I would look back at what was behind me, and see how far I had come, taking these tiny steps of mine. A few hours later, I reached the crater, at almost 4000m above sea level.
You may be wondering why I’m sharing this story with you, today, and this is why: I think that the advice I was given for climbing is valid for almost anything in life.
Think of a dream of yours. And then tell me if this is you:
“Maybe when I retire and the kids leave home I will have time for it.”
Or “I wish I could do [insert your dream project here]. If only I could afford not to work and had more free time.”
Wouldn’t it be great to have all the time in the world to invest on your dream project? It would. But we all know what happens: there’s no such thing happening anytime in the near – or far – future, and if you don’t take action now, today, that project that excites you will die a slow death in one tiny corner of your heart.
I have learned that the best approach to pursuing my dreams and passions is to make time for them. If I don’t actively make time for creating (a new project, a new sketch, a new illustration, a new embroidery, a new course), I never, ever get to it.
And when that isn’t possible, breaking down my dream project in tiny baby steps that can be accomplished in tiny bits of time. Because as time goes by, you will see your project growing and nearing its completion, one step at a time.
I was thinking about this as I was knitting my cardigan (my first knitwear design!): it’s a drapey cardigan worked on 3mm needles, which makes for quite a long knit. But I’m now nearing its completion and I am happy that I put in all those bits of time into it, because they now add up to one new garment, made by me, for me.
You see, in my opinion, embroidery and knitting are wonderful ways to track progress, because every time I look at what I’m stitching I can see how far I’ve come. Having this kind of visual reminder is not only a motivation but also an excellent way to document the power of working in tiny bits of time. Every stitch I make is recorded on fabric, or produces new fabric that grows under my needles. This is the incentive I need; for many of you, it may be the growing word count on the book you dream of writing, or the added squares on the quilt you dream of sewing, or the new pieces on the collection you dream of creating.
If embroidery is thing, you can start working on your dream today with the free embroidery e-course; if you need to feel connection to others, why not join the air Embroidery Club? If you want to learn knitting, I added a few new dates to the workshops I teach here in Lisbon.
How about you? Do you have a dream project you’ve been postponing? Would you like to start working on it? What do you feel is stopping you from doing it?
The photos on this post document the progress I made in this month’s air Embroidery Club project. This embroidery now lives on my couch, in my living room, and I’m always happy when I look at it.
Aqui há dias, esperava eu um email de um cliente com a resposta a uma pergunta que lhe tinha feito e aproveitei para fazer uma pausa. Agarrei no tricot que tenho aqui no atelier, um par de meias, e pus-lhes mais um par de voltas. Não foram muitas, na verdade, mas foram as suficientes para passar de uma secção para a seguinte. Olhei, espantada, para a meia a nascer das minhas agulhas e senti algo entre surpresa, espanto e alegria: a meia estava agora mais longa do que o que eu recordava, o que era algo impressionante dado que só consigo trabalhar nela quando tenho a ocasional pausa por aqui.
Esta meia é a analogia perfeita para o que quero aqui conversar hoje convosco. Não recordo, mas é possível que tenha sido no último livro da Liz Gilbert, Big Magic, que acabei de ler, que encontrei esta frase, aqui traduzida livremente: “A arte é feita em pedacinhos de tempo roubados.”
Quando estava a pensar no que hoje aqui vos queria contar, lembrei-me de uma viagem que fiz há uns anos, com o meu Príncipe, à Guatemala. Uma das experiências mais memoráveis foi a subida ao vulcão Acatenango, cuja cratera fica a 3970m acima do nível das águas do mar. Fomos com um grupo de umas seis, talvez sete pessoas, liderados por dois guias. Começámos a subida nos 2200m, num terreno de areia grossa. Foram os momentos mais duros de toda a subida, aquela meia hora inicial: os meus pulmões ardiam e as minhas pernas dobravam-se como esparguete cozido debaixo do peso do meu corpo. Nessa altura, pensei seriamente em desistir. Afinal de contas, não conseguia acompanhar o passo e tudo o que fazia era atrasar os outros. Fiquei desconsolada, não era esse o plano inicial, mas não estava a ver que houvesse uma alternativa. Estava desconsolada, pois achava que estava bastante em forma e de alguma forma não entendia porque é que não estava a conseguir acompanhar o resto do grupo.
Estávamos a subir em fila indiana num caminho estreito; eu era a última, com a sensação de que não conseguia acompanhar o ritmo dos outros. Lembro-me de pensar que não entendia como é que eles conseguiam mexer-se com tanta facilidade por ali acima, como se tivessem um motor nas pernas.
O guia, vendo o meu estado de desespero, atrasou o seu passo e aproximou-se de mim. Disse-me que claro que chegaria ao topo do vulcão se em vez de tentar acompanhar os outros me concentrasse em dar pequenos passos e nunca parasse. Explicou-me que passos pequenos iriam pesar menos nos meus pulmões, e que por estar menos cansada iria ter menos necessidade de fazer paragens constantes. Tentar acompanhar um ritmo que não era o meu iria apenas cansar-me mais, precisaria de parar com mais frequência, e retomar a marcha seria cada vez mais difícil e doloroso.
Levei o conselho do guia à letra e encetei a marcha com os meus passinhos curtos, mais curtos do que usaria num terreno normal, a uma altitude mais normal para mim, e foi com surpresa que constatei que quanto mais andava, menos cansada me sentia. Sempre que parava para beber um pouco de água, era com surpresa e alegria que olhava para trás e via o caminho que havia percorrido até aí, usando estes mini-passinhos. Umas horas mais tarde, cheguei à cratera do vulcão e senti-me praticamente a rainha do mundo. (Do meu mundo, claro.)
Talvez não seja evidente porque é que hoje me lembrei de partilhar esta história convosco, mas eu explico: acho que o conselho dos passos pequeninos para se chegar ao cimo do vulcão se aplica a quase tudo na vida. Aliás, um bocado como o nosso devagar se vai ao longe, bem vistas as coisas.
Vejamos: pense num sonho que tenha. Um projecto que adoraria pôr em marcha. E agora diga-me se as frases seguintes lhe soam familiares:
“Talvez um dia quando me reformar e os filhos saiam de casa, talvez então tenha tempo para isso.”
Ou “Ah, como gostaria de ter tempo para [escreva aqui o seu sonho] . Seria tão bom se pudesse não trabalhar e assim tivesse todo o tempo para me dedicar a [o tal sonho].”
Verdade! Seria maravilhoso ter todo o tempo do mundo para dedicar ao projecto de sonho, mas todos sabemos que tal coisa não existe nem vai existir num futuro próximo (ou longínquo, de resto). Se não começar hoje a trabalhar no tal sonho que o faz feliz, já se sabe o que acontece: acaba por morrer uma morte lenta num qualquer cantinho do seu coração, e lá ficará para sempre.
Da minha experiência, a melhor abordagem que encontrei, até ao momento, para apostar e investir nos projectos que me fazem feliz, é simplesmente criar tempo para os fazer. Fazer deles uma prioridade obriga-me a tomar decisões e a prescindir de outras coisas. Se não fizer tempo no meu dia para criar (um novo projecto, um novo desenho, uma nova ilustração, um novo bordado, um novo curso), essas criações ficarão para sempre guardadas numa gaveta do meu cérebro, sem ver a luz do dia.
Quando fazer tempo não é uma opção, abordo a coisa seguindo o meu plano B, a saber: dividir um projecto grande em pequenas etapas, etapas essas que possam ser concretizadas em pequenos intervalos de tempo (entre pôr a fofinha na cama e ir dormir, enquanto espero pelo autocarro). Porque à medida que os dias passam, começo a ver os frutos dos mini-passinhos que fui dando e vejo o meu projecto a aproximar-se do fim.
Estava a pensar nisto enquanto tricotava o meu novo casaco (o meu primeiro design para tricot!): é um casaco grande e largo, com imenso tecido, feito com agulhas de 3mm. É um trabalho demorado, claro. Mas agora que estou quase a terminá-lo, olho para trás e vejo que todos os pedacinhos de tempo que lá gastei se transformaram numa peça que em breve vou poder vestir.
Na minha opinião, tanto o bordado como o tricot são óptimas formas de ir assinalando os nossos avanços: de cada vez que olho para o que estou a bordar, ou a tricotar, posso ver exactamente o quanto avancei. Ter este tipo de lembrete visual não só é um incentivo para continuar a trabalhar em pequenos intervalos de tempo, como também uma excelente forma de documentar o efeito da consistência, e de trabalhar em pequenos intervalos de tempo. Este é o tipo de incentivo que funciona comigo; para vocês, poderá ser o volume de páginas escritas daquele livro que sonham escrever, ou aqueles quadrados que adicionaram à colcha que estão a fazer.
Se bordar é algo que excita a sua curiosidade, fica aqui o convite para ir aprender, gratuitamente, com o curso de bordado; se prefere ter companhia, que acha de se juntar ao Clube de Bordado air? Se quiser vir aprender a tricotar, há novas datas de workshop de malha, aqui em Lisboa.
E o leitor? Tem algum projecto de sonho que continua guardado na gaveta? Gostaria de começar a investir nele? Que obstáculos vê na sua frente?
As imagens deste post documentam o progresso no bordado de Fevereiro do Clube de Bordado air. Este bordado foi feito numa fronha de almofada que agora vive no meu sofá, na minha sala. Sempre que olho para ele, fico feliz.
You must be logged in to post a comment.