A quick update on the fundraiser in memory of our son: THANK YOU. We have now doubled our initial goal, and it’s all thanks to you. Please keep helping us by sharing the link to the campaign’s page (http://www.airdesignstudio.com/daniel) and donating, if you can.
Last Tuesday, I got to my bus stop and learned that it would be another eight minutes until my bus arrived. My first and immediate reaction was to reach for my phone, for some mindless browsing. But my hand got my sketchbook before, and so I started a sketch of the view from where I was, something I see every weekday it became banal a while ago.
There’s this thing that happens when we become accustomed to what we see around us: we stop noticing. We don’t notice when those beautiful, hand painted tiles were ripped from the façade (a sad phenomenon here in Lisbon!); we don’t notice when a shop permanently closes. We don’t notice the gradual passage of time, and the turns that the things around us take, sometimes for the better, sometimes for the worst.
We only notice when the change is big, either within us, or around us.
What cures me from the not noticing syndrome is sketching. Because when I’m sketching I look at lines, at how and where they intersect. I compare what my brain believes is correct and what my eyes see – most often, the two do not coincide.
And so I sketch.
On this post, there are several sketches on my sketchbook, all of them made while waiting for something. They are all quick sketches, specially those with people (because people move). And looking at them, I realize that waiting does not need to be wasted time. Actually, it can become something, a moment here and there that are stolen to improve my skills. And to notice.
How about you? What do you do when you are forced to wait?
Antes de mais, quero fazer uma actualização relativamente à campanha de angariação de donativos em memória do nosso bebé Daniel. MUITO OBRIGADA A TODOS. Hoje atingimos o dobro do nosso objectivo inicial, e é tudo graças à vossa ajuda. Por favor continuem a partilhar o link da página da campanha (http://www.airdesignstudio.com/daniel) e, se possível, façam um donativo (as instruções estão lá todas). OBRIGADA!
Esta terça-feira, ao chegar à minha paragem de autocarro vi que teria de esperar oito minutos até à chegada do próximo veículo. A minha primeira reacção foi procurar o telefone, para um pouco de navegação de cérebro desligado. Mas a minha mão, às escuras dentro da carteira, agarrou o meu bloco de desenhos, e trouxe-o para a luz do dia. Comecei então um desenho rápido sobre o que via à minha volta, uma vista banal por se repetir diariamente.
Há algo que acontece connosco quando nos habituamos àquilo que vemos: deixamos de reparar. Estratégia do cérebro para navegar economicamente a realidade, imagino eu, deixamos de notar a degradação gradual dos edifícios que nos rodeiam, não nos apercebemos dos azulejos lindos que já lá não estão e que foram arrancados por gente interessada em vendê-los aos turistas e ganhar uns cobres. Não notamos a retrosaria que fechou, ou a banca de fruta que já lá não está.
Só voltamos a reparar quando há uma mudança grande, seja dentro de nós, seja no ambiente que nos rodeia.
O meu antídoto para o síndroma de não reparar é desenhar o que me rodeia. Com a caneta na mão, em vez de olhar para o conjunto, olho para o detalhe: como e onde se intersectam aquelas linhas? Desenhar é um exercício em ignorar aquilo que o cérebro acha que é verdade e valorizar aquilo que os olhos vêem.
Por isso, desenho para recordar.
Neste post estão vários desenhos feitos enquanto esperava por algo. São todos desenhos rápidos, até porque, como é sabido, as pessoas mexem-se. Olhando para eles vejo que as esperas não precisam de ser tempo perdido, pelo contrário: podem tornar-se tempo útil para melhorar as minhas habilidades, para exercitar o olhar.
E o meu caro leitor? Como encara os momentos em que tem forçosamente de esperar?