Nova zine, no sítio do costume.
25 de Abril, sempre! (Mesmo longe e sem cravos!)
April´s issue of “We´re in Panama!” is here, with an account of our recent trip to Guatemala. The trip was so wonderful, I truly hope it shows in the texts and illustrations.
You can read back issues, like our page on facebook and follow me on Twitter to make sure you´re always updated.
I have been a bit quiet over here, but for good reason. Some new projects fell onto my lap and therefore am dedicating a good amount of time to them. It´s good to have work.
April´s issue of “We´re in Panama!” will likely be launched tomorrow, if all goes well, but here´s a bit of a preview. Hope you like it!
On another note, I´ve been slowly writing my account of our visit to Guatemala, on my life blog (in portuguese). If you´re keen on reading the corresponding posts, here they are. Also, a link for the flickr set, if you want to see some of the photos we took. Guatemala is out-of-this-world-beautiful (or maybe it was the soup).
Seguindo as recomendações dos amigos chapines (guatemaltecos), assim que aterrámos no aeroporto La Aurora (que nome lindo!), na Cidade da Guatemala, encaminhámo-nos directamente para a antiga capital do país, cujo nome é, sem surpresas, Antigua Guatemala.
O nome pode não ser surpreendente, mas a cidade é. Mais tarde ficámos a saber que já não era a primeira capital, mas sim a terceira, depois de Iximchel (que não visitámos) e Ciudad Vieja (que visitámos, de bicicleta, e fica a poucos quilómetros de Antigua). A cidade está rodeada por três vulcões, visíveis de todos os pontos da sua planta e que muito ajudam à orientação. Ao sul, o vulcão de Água, assim chamado devido a um triste acontecimento em 1541, quando uma imensa enxurrada de água estagnada acumulada na cratera, juntamente com lama e terra, inundou a então capital. A sua destruição ditou a mudança da capital de Ciudad Vieja para Antigua. Os outros dois vulcões são a oeste da cidade: Fuego e Acatenango, que subimos.
Antigua é o arquétipo de cidade colonial espanhola, com a sua praça mayor – aqui, denominada de Parque Central, já que é arborizada – onde se localizam os palácios de governo e a catedral. É, literalmente, o centro da cidade e também o seu eixo: a partir daí, as avenidas denominam-se pelo seu número, seguido de “norte” ou “sul” e as ruas, por seu turno, pelo ordinal, seguido de “nascente” ou “poente”. E por se tratar de uma grelha, a orientação é facílima em Antigua, sem surpresas.
As ruas são calcetadas à maneira antiga e a construção, bastante preservada, é colonial; em cada rua há uma igreja, mais ou menos recuperada, ou um mosteiro reconvertido em hotel. É esta riqueza de património – e a sua conservação – que conquistaram a certificação da Unesco como Património da Humanidade.
É uma cidade que conta com boa infra-estrutura turística e que tem muitas escolas de espanhol como língua estrangeira. Por isso, a sua população flutuante consiste de muitos estrangeiros que aí permanecem por temporadas, fazendo da cidade uma base para as explorações da região dos vulcões.
Os restaurantes são muitos e variados e, para nossa imensíssima alegria, descobrimos que os guatemaltecos gostam de sopa. Há sopa a toda a hora e a toda a refeição, normalmente acompanhada por uma fatia ou duas de pão. Pela primeira vez, comi sopa de tortilla negra, uma sopa de vegetais com pedaços de tortilha feita com milho negro (seguramente tem um nome específico, que eu desconheço).
Passámos dois dias em Antigua, onde nos cruzámos várias vezes com as procissões por ocasião da Semana Santa. Quem quiser apreciar a religião de forma bem teatralizada, muito tétrica, ver homens mascarados de carrascos e meninas pequeninas com andores pesadíssimos aos ombros, não pode perder Antigua nesta época. Para mim, todo este espectáculo é um pouco excessivo, mas quando me cansava mudava de rua e via outra fachada linda.
Depois destes dois dias, usámos a cidade como ponto de partida para explorar os arredores. Contratámos passeios com duas agências, uma delas recomendada abaixo, e aproveitámos o calor com que nos receberam no Hotel Cirilo, um lugar que aconselho vivamente a quem gostar de alojamento cómodo, limpo, com um acolhimento familiar e com todos os confortos de um hotel de primeira categoria.
As nossas recomendações são:
Hotel Cirilo
Old Town Outfitters (a agência de viagens com passeios bem alternativos)
Temos muitas recomendações de restaurantes, mas essas ficarão para outro momento.
E para quem quiser ver mais fotografias, a colecção flickriana – ainda em actualização – encontra-se aqui. Muitas fotos são do Príncipe, a quem agradeço; ele tem um olho perspicaz e é rápido nos reflexos, tendo tirado fotografias espectaculares durante as férias.
This baby blanket is embroidered cotton with cotton floss, cotton flannel as batting, with cotton on the backing. It is no longer available for purchase.
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Manta de algodão, bordada com fio de algodão, recheio de flanela de algodão.
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Manta de algodón, bordada con hilo de algodón y relleno de lanilla de algodón.
Aqui há umas semanas, a Raquel Félix iniciou um muito interessante projecto de valorização das marcas portuguesas e da nossa apreciação das mesmas, tanto dentro como fora de portas. Lançou o blog Portugalize.me e muito amavelmente convidou-me para contribuir semanalmente. Este é o mais recente post que lá escrevi e a ilustração também é minha – quem me conhece, sabe o amor que tenho por estas sandálias!
Leiam e subscrevam!
I was invited to write a weekly post at Portugalize.me, a blog about being portuguese and the different ways we perceive our country, in and abroad. This is my third post, but the first (of many, I hope) with an illustration by me. It talks about how many portuguese brands market themselves by hiding their portuguese origins, and that the problem arises from the erroneous perception portuguese consumers have that if it is ours is probably not good enough and “what is good comes from abroad”.
These are a pair of the four sandals I own from Fly London, a portuguese brand with wonderful design, materials and construction – and because it is summer year-round here, I get to wear them every single day. I love them!
So, this is obviously not a portrait. I´m enjoying letting this painting become more abstract, although it did depart from nature. We´ll see how far in the figurative-abstract spectrum it will end. I´m recycling a canvas, it has lots of texture underneath. It appears that this exercise with no pressure at all (not even a wasted canvas) is really what I needed to enjoy playing with colours and brushstrokes again.
Have a wonderful weekend, everyone.
A subida ao Acatenango foi das melhores experiências de viagem que tive até hoje. Melhor? Bem, talvez marcante ou emocionante sejam mais apropriados. Ou, reconsiderando, e usando uma expressão da minha querida C1, “pode ser melhor“.
O dia começou pela fresca: às 4h30 da manhã, ainda escuro como bréu, apanharam-nos no hotel. Em Antigua, o frio da madrugada aperta. Por isso estávamos com as várias, digo, todas as camadas que tínhamos levado para a viagem. Na mão, o pequeno-almoço num saquinho. Entrámos na van com a nossa banana, o pão com doce de manga e o sumo de pêssego sem imaginarmos o que nos esperava.
O sol nasceu no caminho entre Antigua e a aldeia que nos serviu de campo de base. Apareceu atrás de uma colina, laranja, lindo, prometendo um dia especial. Oseas, o guia, no banco do condutor, parou para nos dar aquele regalo por nos termos levantado tão cedo. Nós fotografámos.
Chegámos então ao nosso ponto de partida, uma aldeia com uma latrina comum onde de um ganchinho pendiam folhas de jornal. A 2200 metros sobre o nível médio do mar, naquele aglomerado de meia dúzia de casas vivem os agricultores que cultivam as terras aráveis da encosta do vulcão. E também lá vive o nosso segundo guia, um maia de nome Sixto, que até aos dezoito anos pensou chamar-se Enrique.
Começámos a subida aos infernos. Sim, quem pensa que o inferno é exclusivamente subterrâneo está redondamente enganado. O vulcão Acatenango é um inferno, mas também é um paraíso.
Aos vinte minutos de caminhada, por entre campos de batata, de feijão e de milho, eu sentia que a minha garganta se fechava com o bater frenético do coração. Nem eram as pernas: era o coração que se tentava habituar ao esforço, num ar que já era rarefeito. Tive de parar com frequência para poder abrir uma estreita passagem para o ar. Pensei, muito seriamente, que não poderia continuar. O grupo ia lá à frente; comigo, o Príncipe e Sixto, que prontamente me arranjou uma cana-cajado. Continuei.
Na paragem seguinte, Oseas, o guia, contou-me o segredo: dar passos curtos, lentos, a um ritmo constante e sem paragens. E a verdade verdadeira é que, passado um bocado, me senti bem. Cansada, mas bem. As pernas obedeciam-me, o coração tinha voltado ao lugar dele, no peito. As costas estavam feitas um rio, reajustaram-se camadas de roupa e aí continuámos nós.
Depois dos campos cultivados passámos a uma etapa de bosque de montanha tropical. A vegetação, cerrada, oferecia-me mais oxigénio que os campos cultivados. Os trilhos eram, a dada altura, perfeitos caminhos de cabras, descidos aos saltinhos por quem havia pernoitado na cratera. Quando nos cumprimentavam, só lhes conseguia dizer que os admirava.
E sabem? A vantagem de viajarmos por países cuja língua conhecemos é exactamente essa: as pessoas respondiam-me, alentavam-me, diziam-me que faltava pouco para a próxima estação de descanso.
E entre estações de descanso, lá subimos mais metros e chegámos à parte de pinhal. Pela estação seca e pela altitude, muito menos denso que o bosque abaixo. A esta altura, as nuvens começaram a vir namorar-nos de perto. Às vezes víamos a pessoa da frente; às vezes não.
Passado algum tempo (horas, minutos?) chegámos ao ponto máximo da montanha em que nos encontrávamos e começámos a contorná-la num trilho estreitinho mas muitíssimo agradável de pequenas subidas e trechos planos. As minhas pernas já não sabiam mexer-se sem ser a subir, por isso obrigava-me apenas a separá-las em passos largos, para aproveitar a inércia do movimento.
Depois desta etapa de paraíso começou a verdadeira subida: no terreno de terra vulcânica solta, a sensação era a de andar na praia, na areia seca, como se estivéssemos a subir uma duna interminável.
Ao fim de cinco horas de subida, e a uma da cratera, Oseas preparou-nos um almoço de tortilha com guacamole, tomate e frijoles refritos para retemperar forças. A esta altitude, quando o sol brilhava, o calor era abrasador. Quando vinham as nuvens, o frio congelava-nos. Em dois ou três minutos a sensação térmica variava da praia para o ski, do Verão para o Inverno. Quando dei por mim, tinha os lábios completamente roxos. Temi que tivesse que ver com o mal de altura, mas tive sorte: contra o frio basta pôr mais uma camada e calçar umas luvas, emprestadas.
Chegou então a última subida, porventura a mais difícil: pedra e terra solta, numa inclinação sem um arbusto ou árvore. Caminhámos pela crista da montanha: qualquer passo ao lado seria já, tecnicamente, uma encosta – bem inclinada, por sinal. A cratera esperava-nos, cada vez mais perto. Mas cada vez custava mais pôr um pé à frente do outro. No grupo, houve quem precisasse de comprimidos para combater as náuseas provocadas pela falta de oxigénio. Comigo, não sei que milagre se processou: depois do início tremido, tudo se compôs e não mais senti os efeitos do ar rarefeito.
Quase a chegar à cratera, sentia os olhos a marejar-se de lágrimas. Quem diria? Depois de ter achado que ficava logo no início, não foi com muita confiança que retomei a caminhada. Estar ali, naquele momento, quase, quase a chegar à cratera foi mágico.
E depois cheguei. Seis horas, 15km e 1776m de desnível mais tarde, cheguei à cratera. Dei um salto. Celebrei. Ao lado, o vulcão de Fuego fazia breves aparições por entre as nuvens. Da sua cratera saía uma linha de fumo; as suas erupções ouviam-se ali mesmo ao lado e a cinza caía-nos em cima.
Começou a cair uma granizada valente que foi cobrindo a cratera de branco. As pedrinhas que me caíam nas orelhas doíam. Muito. E começámos a descida.
Não fazia a menor ideia de como conseguiria chegar à base, sobretudo tendo em conta que as minhas pernas já só sabiam subir. Descobrimos, com muita alegria, que a terra solta – tão terrível de subir – era muitíssimo divertida de descer, com o improvável bónus de ter de esvaziar os sapatos de pedrinhas umas vinte e três vezes por minuto. Descemos por trilhos diferentes, trilhos estreitos, largos, de terra firme e terra solta, de pedras, de raízes. O meu rabo viu o chão mais que uma vez.
Até que, finalmente, chegámos à aldeia. E aí, as minhas pernas recusaram-se terminantemente a mexer mais um milímetro que fosse.
Hand-knitted, pure merino wool reversible cowl that can be used over the neck. It is currently available for purchase.
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Gola reversível de lã merino tricotada à mão. Apta para usar sobre o pescoço. Está disponível.
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Cuello reversible de pura lana merino tejido a mano. Apto para usar sobre el cuello. Disponible.
Price | precio | preço: US$74 (original US$89).
To order | para comprar:
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Hand-knitted, pure merino wool cowl that can be used over the neck or covering the shoulders. Sold.
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Gola de lã merino tricotada à mão. Apta para usar sobre o pescoço ou para baixar sobre os ombros. Vendida.
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Cuello de pura lana merino tejido a mano. Apto para usar sobre el cuello o para bajar sobre los hombros. Vendida.
This baby blanket is embroidered cotton with cotton floss, cotton flannel as batting, with cotton on the backing. It is no longer available for purchase.
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Manta de algodão, bordada com fio de algodão, recheio de flanela de algodão. Vendida.
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Manta de algodón, bordada con hilo de algodón y relleno de lanilla de algodón. Vendida.
To order | para comprar:
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