Month: January 2012

Encontros e ervilhas

Desde que nos mudámos para este prédio onde vivemos que os elevadores têm sido palco de muitos encontros curiosos. Um deles, num dia em que levava a bicicleta comigo, foi com um senhor muito castiço, seguramente com idade para ser meu pai, de cabelinho muito branco, muito magrito e muito bem disposto.

Com uma bicicleta no meio, a conversa de circunstância andou à volta desse assunto. Assim me contou ser holandês, dividir o ano entre o Panamá e a Holanda e ter saudades de ser ciclista durante as suas estadias tropicais.

E, a partir daí, sempre nos cumprimentámos e trocámos umas palavras, ou em inglês ou em espanhol. O tempo, a bicicleta, o café do lado, tudo servia de assunto para a nossa curta converseta.

Na sexta passada, após um ano e meio de encontros de elevador, este senhor conta-me que em Abril volta à sua Holanda natal para um casamento de um familiar, e também para aproveitar o Verão europeu.

Como eu desconheço Verão europeu mais bonito que o português (sei que a minha idoneidade na matéria é absolutamente discutível, mas obviemos isso), disse-lhe exactamente isso. Ele achou curioso que eu soubesse como era o tempo em Portugal… até que lhe contei que era portuguesa.

Foi uma alegria! Não é que o senhor viveu onze anos em Lisboa, no mesmo bairro e tudo? E viemos nós cruzar-nos no Panamá.

O mundo é uma ervilha, está visto.

E agora, algo totalmente diferente

Quilt top

O meu primeiro quilt! Ainda não está terminado, mas tem sido a minha diversão de fim-de-semana (isto é, depois da praia).

Quilt top, up close and personal

Digamos que não tornei a minha vida mais fácil ao escolher, para primeira tentativa, um esquema que pede alinhamento horizontal e vertical, mas, apesar de todos os seus pequenos defeitos, amo de paixão esta colcha linda que está a nascer. É a minha primogénita, e dizem que não há amor como o primeiro!

Quilt top

Ainda o quilt não está terminado e já fica tão lindo no sofá! Não que seja o objecto mais necessário num país tropical, convenhamos, mas um dia destes havemos de nos mudar para uma latitude mais alta e aí, sim, será usado.

The back

Gosto tanto dele, que até o avesso me parece interessante – algo reptiliano, talvez? Ou como escamas de peixe… enfim, desvarios de uma “costureira”* apaixonada, é o que é.

(*”Costureira” merece umas enormes aspas, porque eu não sou mais que uma principiante. Que gosto, gosto sim senhores. Agora daí a ser costureira… falta.)

Desenvolvimentos

Antes de mais, quero agradecer todos os comentários ao post anterior. Respondi a todos, lá mesmo ao lado. Também já fiz reclamações junto da recepção (sim, o edifício tem-na) e da administração (idem).

A conversa na administração foi interessante. A senhora, muito compungida, disse-me que estava de acordo comigo mas que tinham ordens da Junta (a comissão de moradores) para não autorizar a utilização dos elevadores principais por “empregadas e animais”. Claro, perguntei-lhe se não achava ligeiramente idiota manter as pessoas à espera, no rés-do-chão, só porque a dita Junta não autoriza. “Es que después nos regañan, señora”, explicou-me.

Aqui, tive de lhe dizer que me parecia muito estranho que eles tivessem medo de receber uma reprimenda por fazer uma coisa justa e normal. Continuo sem entender isso, mas a discussão aqui sai sempre no mesmo: a ordem vem de cima e que depois recebem uma repreensão. Não entendo: não pensam? Correm o risco de despedimento? Que será?

A nossa empregada, que se tem revelado um autêntico braço direito, uma colaboradora fantástica, já está instruída: da próxima, usa o intercomunicador para me chamar. Quem ousar proibir que ela suba comigo no elevador vai ter a vida bem difícil.

Haja paciência…!

My first quilt

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Is this Thursday, already? Oh, wonderful, it means tomorrow is Making Friday (Skinny Laminx style). I have been dedicating it to my first quilt, and outstanding goal for 2011.

The top is sewn, so are the two back pieces, and the sandwich is made. Quilting is in progress, but being a beginner quilter, I prefer to take it easy and go slowly.

There were some challenges concerning the alignment (or lack thereof) – I realize, being a first-time quilter, I didn´t make my life any easier by choosing a pattern with two directions of alignment (horizontal and vertical).

Still, with all its quirks, this is a quilt I´m proud of, most specially for being my first one, yes, but also because it makes me happy to look at it, its colours and the way front and back match.

I´ll show again once finished, can´t wait!

Quilt top

Quilt top

The back

Coisas às quais não me consigo adaptar

No fim-de-semana passado estivemos a ver o filme “The Help”, que conta as muitas histórias de como as empregadas de limpeza – negras – eram tratadas pelos seus empregadores brancos nos Estados Unidos. Os episódios contados pelas empregadas são o retrato de uma realidade que existiu até há pouco tempo nos Estados Unidos e que, infelizmente, continua a existir no Panamá.

Ontem, esperávamos a chegada da empregada às sete e meia da manhã. Contrariamente ao que é habitual neste país, ela é do mais pontual que existe: chega sempre antes, e depois faz tempo para tocar à campainha à hora certa. Por isso estranhei terem passado dez, quinze, vinte minutos. Nada.

Chegou trinta minutos depois e explicou-nos que no rés-do-chão a tinham retido, bem como às outras empregadas que entretanto se foram juntando. Confesso que não estava a entender porquê, mas sei que para alguns dos meus vizinhos a entrada no prédio deve ser mais vigiada que uma alfândega. Aqui, já espero tudo, por razones de seguridad.

Tudo, tudo, não: impediram-lhes o acesso porque àquela hora os funcionários do edifício estavam em plena recolha do lixo, usando o elevador de serviço. Ora a torre em que vivemos dispõe, para além deste elevador, de dois elevadores “principais” (ou seja, para os residentes). Concluindo, estas mulheres tiveram de esperar lá em baixo porque os funcionários da recepção, a mando da administração do condomínio, não as autorizaram a usar estes dois elevadores, que estavam desocupados. Porquê? Porque “empregadas e animais” (e, aparentemente, os próprios funcionários) não os podem usar.

Há dias em que não tenho palavras para expressar o desprezo que sinto por aquelas pessoas que, ao sentir que têm um dedinho de poder, o usam da forma mais autoritária, imbecil e dominadora possível.

Olha a zine sequinha!

Ora aí está o número da zine que não fala nem de chuva nem de humidade:

We´re in Panama, issue 20

Ah, estação seca, que bom ver-te de novo!

“We’re in Panama!”: the dry season issue

We´re in Panama, issue 20

Much has been said in this e-zine about the wet season (April to December) and how moist and mildewy everything is. But, as we enter the new year, dry season arrives!

This issue of “We´re in Panama!” is all about the changes that come with these short – but sweet – three months. Download it here, free as usual.

Visit “We´re in Panama!”´s facebook page and read back issues here.

Happy 2012!

They´re home!

Happy 2012, everyone! December was a very busy month with orders for the holidays. These three Leafy Vests were part of the knitted items that were shipped to their new homes, across the pond.

If you wish to order an abbrigate* item, visit our online store or send us an e-mail. And thanks for checking back!

*

Feliz Ano Novo e um excelente 2012! São estes os votos que estendemos aos nossos clientes e amigos.

Dezembro foi um mês muito ocupado com todos os preparativos para o Natal. Houve muitas encomendas que tricotar e enviar, de entre as quais saíram estes três coletes Leafy Vest. Já estão nas suas novas casas!

Para encomendar uma peça abbrigate*, basta passar pela loja ou mandar um e-mail. Esperamos ter-vos connosco durante o novo ano.

Magnolia Inn sketches

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

Magnolia Inn, Casco Viejo, Panamá

I was commissioned by a new boutique hotel here in Panama, the Magnolia Inn, to create a series of illustrated simulations of how the hotel would look and feel after all renovation would be finished.

This was a wonderful project to work on, since the building was, itself, very inspiring. To add to this, the renovation ideas were not only very good, but were transmitted in such a passionate way, that creating these illustrations was just a pleasure.

You can see them in context here.

Bombons

Love in the air

Sometimes love is difficult to express

Estes tios estão sempre, sempre, sempre a pensar nos seus bombons lindos e crescidos.

(C1, já pediste à Mãe que vos imprimisse a última zine?)

Cantigas

Vail Interfaith Chapel, Colorado

Vail Interfaith Chapel, Colorado

Um dia, entrámos no autocarro público (e gratuito!) de Vail e deparámo-nos com um cenário inverosímil: todos os passageiros que lá estavam traziam cartola e fraque; as passageiras, vestidos, capinhas e umas bolsinhas em jeito de carteira.

Confesso ter tido um instante de perplexidade e até (pigarreio) de confusão. Entreolhávamo-nos, o Príncipe e eu, sem saber muito bem que pensar, até que a conversa foi inevitável:

“Que casacos tão estranhos, os vossos!”

E que curioso, que dentro do contexto, fossem os nossos casacos de esqui os intrusos!

Contaram-nos que pertenciam a um coro dickensiano e que dariam um concerto de canções de Natal, no dia seguinte, na Capela “Interfé”.

No dia seguinte, lá estávamos nós, pontualíssimos, não só para ver o coro mas também para visitar a capela por dentro. Por ser multiusos, tem uma estrutura linda, em madeira, mas carece de todo e qualquer adorno; em lugar de um altar, tem uma janela, também bonita. A abóbada parece o casco de um navio, e todo o ambiente é de conforto, como se fosse a sala de amigo.

À hora certa, o coro deu entrada e começou o seu espectáculo, que foi lindo. Várias vezes convidaram a plateia a acompanhá-los nos refrões, e eu conheço dois meninos que não se fizeram rogados.

(Dois meninos que, por sinal, se conheceram num coro.)

No final do espectáculo, de coração quentinho e cheios de saudades de cantar, despedimo-nos do reverendo, que, à porta, desejou boas festas a toda a assistência. Entre o surreal e o espectacular, diga-se, e tudo porque metemos conversa com aquela gente de roupagem estranha no autocarro!

Denver em Dezembro

Denver vista do quarto de hotel

Este Natal, a sorte levou-nos às montanhas do Colorado para esquiar, com uma paragem para reabastecimento (de cultura visual) em Denver. Depois de dois voos, várias horas e 30º menos, chegámos ao nosso destino.

Denver Capitol

Denver

Denver Fire Dept. Truck

Denver não é uma cidade imensamente palpitante que nunca dorme, como Nova Iorque, e seria inútil (e frustrante) querer que o fosse. É uma cidade universitária, que serve de base para as montanhas do Colorado. Na verdade, é a última paragem nas Grandes Planícies antes de entrar na cordilheira das Rocky Mountains, a prima setentrional dos Andes.

Está a 1600m acima do nível médio do mar e constitui a paragem perfeita para a aclimatação necessária para nós: de 30ºC, com 90% de humidade relativa, passámos aos 0ºC, com 30% de humidade. Resultado: pele em escamas, boca coberta de película aderente e nariz constantemente a sangrar.

A cidade é ampla e limpa; tem uma Baixa pedonal, com um autocarro gratuito que percorre a Rua 16. Aqui encontram-se lojas, cinemas e muitos hotéis. Para quem vai de visita, é a referência a procurar.

Denver

Denver

Union Station, Denver

O que mais nos interessava, contudo, não eram as lojas: eram os museus. Decidimos ir visitar o Denver Art Museum, onde pudemos ver várias excelentes exposições temporárias e uma colecção talvez demasiado ecléctica de arte contemporânea. Estávamos sedentos de cultura visual, por isso nada nos desiludiu.

Denver Art Museum

Inside the DAM

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Na véspera de Natal assistimos à peça “A Christmas Carol”, adaptada do texto de Dickens, no Denver Center for the Performing Arts. A sala estava cheia, a apresentação foi fantástica, com dança, música, figurinos e cenários fantásticos. Gostei particularmente de como a transição entre cenas foi integrada na peça, tendo os actores, em exímia coreografia, mudado eles próprios os cenários. A única coisa que não adorei foi a tentativa (algo frustrada) de imitação do sotaque inglês!

Denver Center for the Performing Arts

Denver at dusk

Entre Denver e Vail, onde ficámos durante a semana, há uma viagem de cerca de 2h30. Ainda considerámos alugar um carro, mas depois optámos pelo serviço da Colorado Mountain Express que, pasmem, até tem wi-fi nas carrinhas! Foi a escolha certa, já que em Vail o estacionamento é difícil e extremamente caro e o transporte colectivo dentro da vila é gratuito.

Mais fotos aqui.