Month: June 2009

Eleições várias

Ontem houve eleições cá na Argentina. De uma forma geral e muito resumida, a dinastia K levou uma valente machadada na sua confiança. Ainda não ouvi o discurso da derrota (que foi dado em directo… às duas da manhã) nem o da presidente (estava muito mais divertida a beber um chá e a conversar, porque foi hoje a meio da tarde), mas pelo que ouvi das minhas colegas, suponho que de várias formas mais ou menos encapotadas tenham tentado esconder a amplitude da perda com uma alegação ou duas de fraude.

Mas adiante.

Também sobre eleições, desta feita no Irão, a Diana publicou um vídeo arrepiante no blog dela. Nada temam, porque não contém imagens chocantes. Mas vale a pena ver.

Podcasts

Há já bastante tempo, a C. perguntou-me que podcasts ando a ouvir actualmente. Ora aqui está um assunto que me é caro porque, para quem trabalha sozinha como eu, o podcast funciona sobretudo como uma grande companhia.

Passo a contar:

Definitely not the opera, da CBC Radio.

Para quem fala inglês e gosta de ouvir temas bem abordados, sem nunca serem aborrecidos. Nestas emissões já tocaram assuntos tão diferentes como o valor de um agradecimento, o que são as queixas e porque nos queixamos e muitos outros. Hoje estava a ouvir o programa sobre distracções e, mais uma vez, senti-me muito acompanhada. Afinal, não sou só eu que tento fazer tetris com o meu tempo, me levanto, vou à cozinha buscar uma chávena de chá e volto de lá com um lenço de papel, mas sem chávena de chá. Limpo o nariz e penso que me picam as mãos. Vou à casa de banho e ponho creme, mas ao passar pelo quarto lembro-me de uma camisola que queria pôr a arejar. Olho para a mesa de cabeceira e vejo uma revista que me chama a atenção; pego nela e vou para a sala e sento-me no sofá. Sinto frio e ligo a televisão para ver a temperatura lá fora. Chi, está mesmo frio, deve ser por causa do aquecimento que o ambiente está tão seco. Levanto-me e vou à cozinha buscar uma chávena de chá: “que estranho, o chá já está frio…”, penso eu.

Ah, o podcast! É verdade. Para quê tentar descrevê-lo? Ouçam-no, porque vale a pena.

Coisas que acontecem e Laboratolarilolela

Cada um são meia dúzia de minutos com o belo do disparate do Nuno Markl, o que me dá sempre para a risota. Para acompanhar ilustrações e trabalhos que requeiram menos concentração, pois claro.

Governo Sombra, TSF

Para me manter próxima da realidade portuguesa, nada melhor que um banhinho de Governo Sombra. A actualidade nacional já comentada, com piada incluída e tudo. Gosto muito e consta até que já mandei sonoras gargalhadas, dizem os vizinhos da frente que não percebem como é que uma pessoa sozinha, debruçada sobre uma mesa, se ri tanto.

Sticks and String

E este é o útlimo podcast de que sou fã há muito tempo. O tema é o tricot e é feito por um senhor australiano que vive nas montanhas perto de Sydney e que tricota (não só mas também) a caminho do trabalho. Para quem não tricota, suponho que não deve ter muita graça; para quem tricota, a coisa muda de figura, já que ele entrevista pessoas famosas deste universo (o do tricot), conta como vão os seus projectos, fala dos dois gatos, faz crítica de agulhas, fios, livros e revistas sobre tricot. E tem piada, claro.

De resto, vou ouvindo de forma intermitente os podcasts de Stephen Fry, os episódios da Praia das Maçãs, as entrevistas no Pessoal e Transmissível e as conferências TED Talks. E estou a ouvir o audiolivro Little Women, de Louisa May Alcott, disponível de forma gratuita aqui.

Frio

Com a chegada do Inverno, aproxima-se também a temporada de ski, momento muito esperado aqui nesta casa (mais por um que por outra). Enquanto contamos (alguém mais que eu) as semanas até à partida para Ushuaia, tricoto alegremente os gorros e passa-montanhas a usar nas extremas temperaturas austrais. Sim, porque aparentemente as temperaturas sentidas lá no sul não são para os betinhos que vão a Bariloche (nós, no ano passado) ou a Las Leñas, praticamente tropical (nós, há dois anos).

Em regime de preparação para o frio, estou no processo de tricotar este passa-montanhas:

Passa-montanhas

Depois de já ter tricotado este gorro…
my cabled hat
…que estreei esta manhã, depois de ver na televisão que a temperatura era de -0,3ºC (acho que os senhores da televisão devem ter adorado ir buscar o “menos” à biblioteca de símbolos estranhos e raramente usados).

E tricotei este e também o bordei (onde ficaste tu, ponto cruz, depois de tantos anos de tortura e de sofrimento?):
DSC03660

É, não dá para ver mas é o monograma de certa pessoa desta casa. O que uma pessoa faz por amor!

Label matters

printing now, as we speak
I know I´m not the most unbiased person to say this, but aren´t these labels cute? (Please indulge me on this one!)

Another happy customer.

Naked men, again

2009.06.22_01

Last week there was a holiday on Monday (holidays are usually shifted to Mondays here) so we didn´t have our weekly painting class. After two weeks, then, it was more than time to go back. I did feel I was a bit rusty, though!

The exercise was to compose two paintings, each with two quick poses. We have a group discussion in the end, to assess progress and basically just find out new things about ourselves.

I can´t say that I love the two resulting paintings, but I think I did succeed in the forcing myself to try something different chapter.

More photos here.

Sobre a vaidade

my sweater, now completed!

Ou talvez não. Talvez não seja “sobre”, mas sim “a vaidade”. É a vaidade de quem terminou total, definitiva, completamente a camisola azul, já com o galão (comprado aqui) cosido. (Falta o queque, ou o bolo de arroz, e já acabava a piada sem piada!)

Gosto tanto desta camisola! Ele é a lã, fiada e tingida à mão, comprada directamente ao produtor durante a Feira de Artesanato de Buenos Aires; ele é a cor, que me faz lembrar o mar; ele é onde a tricotei, aqui na Argentina e também na Austrália, durante a nossa lua-de-mel, enquanto o “Jarbas” (perdão, Príncipe) me conduzia pelo lado esquerdo da estrada e víamos paisagens lindíssimas.

Nesta camisola aprendi a coser um fecho num tecido tricotado (não que soubesse em tecidos não-tricotados, convenhamos, mas é sempre bom aprender) e a pôr-lhe um galão por cima. E agora tento usá-la o mais frequentemente possível, porque a adoro e também porque este azul espanta os cinzentos típicos do Inverno e eu, pelo meu lado, fico muito mais feliz.

Mas agora já chega de tricotar camisolas para mim. Agora são gorros para o ski e mantas para o sofá.

Um dia esta casa ainda vai estar coberta de coisas tricotadas. Ora deixa cá procurar uma receita para um tea cosy maneirinho…

Great Ocean Road sweater, now totally, fully, a 100% complete

my sweater, now completed!

Maybe it doesn´t show (ahem…) but I absolutely love this sweater. It´s based on the Victoria Yoke Pullover, but very much modified: a zipper instead of the row of buttons the pattern calls for and long sleeves instead of the elbow-length ones.

The wool was bought during the Handicrafts Fair here in Buenos Aires, directly to the producer. It´s hand-dyed and hand-spun and it was a pleasure to knit with. I started it here, then took it with me to our honeymoon in Australia and the long, long rows of stockinette stitch were done while in the car, looking at such amazing landscapes such as the ocean in the victorian seaside. The blue of the wool and the sea made me – probably not very creatively – name it “Great Ocean Road”, like the beautiful one there. My mind just wanders when I think about the smell of the sea and the taste of salt in the wind! Can you tell that I miss terribly being near the sea? A girl from Lisbon like me certainly has a hard time here in Buenos Aires when it comes to the need of a blue horizon!

While knitting it, the idea of adding a zipper instead of the called-for buttons gained shape and uopn my return to Argentina I was fortunate enough to have made some new friends, who gave me their opinions. And this – having friends with knitting opinions – is such a luxury, not only because most of my friends don´t knit, but also because most of them live somewhere else.

Then, another of my lovely new friends offered to help me with the zipper.

And finally, the Little Red Riding Hood ribbon from Retrosaria arrived in the mail and I could put it over the back of the zipper.

And… guess what I´m wearing today!

More photos here.

Ter vida social…

…é muito bom. E é bom também não ter tido vida social em Buenos Aires durante algum tempo para agora dar valor a ter combinações com (novas) amigas e almoços e mate y galletitas com outras.

Obrigada às minhas novas amigas!

(Estou contente!)

Sketching and subtracting

These past few days have been busy sketching and developing and studies with cut out illustrations. Doing these studies has been a major part of the satisfaction a project gives me and I feel that it is being very helpful on my search to finding a “voice”, or a “style” for these characters. I´ve been repeating and repeating studies, trying different combinations of “full” areas (not cut out) and “empty” ones and learning a lot from this process. It´s amazing how much the relationship between shape and background can vary with tiny little changes in what gets subtracted from the paper and what doesn´t.

Really, I´m having a grand time working on this, can you tell?

More pictures of this process here.

World wide knit in public day

2009.06.13: world wide knit in public day!

Last Saturday was WWKIP 2009. There were two meetings here in Buenos Aires but the weather was just too nice to stay indoors, so we headed to one of the gardens in Palermo, sat by a lake and enjoyed the winter sun. I knitted this hat (free pattern here) in less than a day – and I´m not a fast knitter – which means that despite the great look of those cables, it is still a very easy and straight-forward knit. It´s perfect for a present, actually. I´m looking forward to wearing it!

Otherwise, we had a long weekend, filled with preparations for my german exam, knitting, cooking and generally lazying around. There was a really, really good documentary on BBC, Cocaine diaries: Alex James in Colombia. I urge you to check it out. (If you read portuguese, I wrote about it here).

And now, fully rested, it´s time to go back to work. Have a nice week!

E vivam também os fins-de-semana prolongados!

O fim-de-semana prolongado argentino não foi tão prolongado quanto o português, já que só ontem, segunda-feira, é que foi feriado. Mas nem por isso foi menos desejado ou aproveitado que os cinco dias de mini-férias desse lado do oceano! Desde muitos tricots (no Sábado foi o dia mundial do tricot em público), a puzzle, estudo de alemão, cinema e uns quantos programas de televisão, estes três dias foram muito bem aproveitados. (E acho que me esqueci de mencionar as sestas!)

Ora poderíamos pensar que esta última alternativa, a televisão, era a menos interessante, mas, pasmem, nem por isso. E é precisamente de um dos programas que vimos que quero aqui falar.

A televisão argentina, regra geral, é uma piada de bastante mau gosto. O serviço noticioso, então, nem se fala. Nas notícias praticamente não passam temas internacionais, a menos que de alguma forma mais ou menos directa tenham repercussão local. Isto quer dizer que aqui ninguém ouviu falar de atentados bombistas no Paquistão, eleições no Irão ou até da guerra civil que houve no Sri Lanka. Não, aqui fala-se do assalto à casa de não sei quem, da colisão na estrada não sei quantas, dos jovens delinquentes no bairro tal e, claro está, nas guerras entre as facções que vão agora às urnas.

O que faz com que, sistematicamente, tenhamos de recorrer a outros canais noticiosos, o que felizmente não apresenta problemas. Entre a BBC, a CNN (nos canais em inglês e em espanhol) e a Deutsche Welle sempre vamos tendo uma série de perspectivas diferentes sobre as coisas que acontecem no mundo.

A BBC, especialmente ao Domingo de manhã, passa uma série de documentários muito interessantes, sendo que este Domingo passou um que realmente me agradou: Cocaine Diaries: Alex James in Colombia. Este documentário, realmente, é muito interessante. Nos primeiros minutos o apresentador, Alex James, dá-nos o fio condutor da hora que se segue – e este fio agarra-nos logo. Conta-nos que é agricultor, que numa vida anterior foi baixista do grupo britânico Blur e que, nessa vida anterior, era também viciado em cocaína. Entretanto, muitos anos depois, recebeu um convite do presidente da Colômbia para visitar o país e ver o que está a ser feito para combater o narcotráfico.

E ele lá vai. É recebido pelo presidente, pelo vice-presidente, vai à selva ver o que o exército faz para destruir as plantações de coca, aniquilar os laboratórios clandestinos que produzem cocaína, vê o processo (e só o processo já é bastante desencorajador, com todos os petro-químicos usados para extrair da folha o princípio activo), fala com uma “mula”, ou correio, na prisão, encontra-se com traficantes e assassinos a soldo em Bogotá… Enfim, o documentário é realista, multi-facetado, e, sobretudo, responsabiliza muito o consumidor, já que enquanto houver quem consuma, haverá tráfico.

O próprio narrador engole um par de vezes em seco com as respostas que ouve – e nós também.

Tal como Alex James descobre na sua viagem, também eu achei o mesmo quando fui à Colômbia, há dois anos: é um país fabuloso, rico e diverso, com as pessoas mais gentis e bem educadas que conheci, a falar o castelhano mais melodioso e poético que já ouvi. É um país que luta por avançar e, pelo menos em termos urbanísticos, que foram os que melhor pude observar, é um país que tem dado cartas a nível internacional com projectos de mobilidade (em Bogotá) e requalificação urbana (Medellín) de primeira categoria. Mas é também um país que sofre na pele e no dia-a-dia o efeito dos vícios dos consumidores ricos (porque a cocaína é cara e não é para qualquer carteira).

É um documentário a ver.

Sketching, sketching

a different kind of sketching

Another tiny bit from the project I´m working on. These are some cutouts that were going to go to the trash bin. I´m glad I saved them from my after-cutting-cleaning fury!

This weekend is a long one (again) here in Argentina, as monday is a public holiday. I hope to use the extra free time to study german and to knit. Speaking of which, tomorrow is Worldwide Knit in Public Day! Yay! I stocked myself earlier today with a visit to a couple of yarn shops here, so it can now be cold and rainy: I´m all good and prepared!

Have a nice weekend!