Faz hoje um ano da minha chegada à Argentina. Para comemorar a efeméride, faço um post sobre as perguntas mais frequentes destes últimos 12 meses.
Diálogo A:
– De dónde sos?
– De Portugal.
– De qué parte de Portugal?
– De Lisboa.
– Ah. Y cuándo volvés a Rio?
– Bueno, no sé, algún día voy a visitar.
Diálogo B
– De dónde sos?
– De Portugal.
– De qué parte de Portugal?
– De Lisboa.
– Y que hacés acá?
– Vivo acá.
– Sí? Mirá vos. Y te gusta vivir acá?
– Sí.
– Extrañás mucho?
– Sí.
Diálogo C
(farmacêutico põe ar sedutor:)
– Vivís en Francia?
– No.
– En Italia?
– No.
– Dónde vivís?
– Acá en Buenos Aires.
– Bueno, sí. (sorriso, bate a pestana) Pero de dónde sos?
– De Portugal.
– Ah! De Portugal… Mirá vos.
(peço-lhe o talão e vou-me embora porque já sei que pergunta se segue.)
Eu chamo a este fenómeno “perguntite aguda”. Manifesta-se sobretudo na população masculina mas é inegável que há uma certa curiosidade pelos estrangeiros que é comum a toda a gente. Invariavelmente, pensam que sou brasileira. Às vezes, mesmo depois de dizer que sou portuguesa (vide Diálogo A). E, sendo brasileira, obviamente que sou do Rio.
Só em Ushuaia nos aconteceu uma coisa extremamente curiosa, que muito me (nos) surpreendeu. Estávamos num restaurante a escolher os pratos e o rapaz que nos atendia percebeu que falávamos português. Muito gentilmente começou a falar português connosco. Quando chegou ao ingrediente “alho-francês” de um dos pratos, disse-nos que tinha “alho-porro”. “Ah, alho-francês”, dissemos, um pouco como quem pensa alto, enquanto imaginávamos o prato – e salivávamos. Responde o gaiato: “dizem alho-francês? São portugueses, não é?”.
Merece a minha admiração.