Month: April 2008

Dia da Liberdade

Já se passaram uns dias largos sobre o dia 25 mas só hoje realmente soube o que escrever sobre o assunto.

Por cá o dia passou-se sem notícia. Não foi feriado nem fim-de-semana prolongado e as únicas celebrações foram através dos parágrafos nos blogs que visito regularmente.

Só hoje, ao escutar o podcast das notícias em português da Deutsche Welle desse dia, é que me arrepiei ao ouvir uma pausa na narração e depois a batida da Grândola Vila Morena.

Se é certo que não vivi o “antes”, só o “depois”, a vivência argentina tem sido muito útil para imaginar como terá sido o passado. Não que aqui se viva em ditadura, porque não é verdade. Mas vive-se num ambiente de desinformação (o lápis azul cá mudou de tom, mas funciona na mesma, umas vezes a favor de uns, outra a favor de outros), de propagandismo, de convocação coerciva de (algumas) massas a alguns actos públicos de apoio ao governo, e assim por diante.

Não querendo estar a cuspir na sopa – porque a Argentina lá me vai acolhendo – a democracia por cá ainda é uma criança. E esse facto deixa-me muito grata por ter havido um 25 de Abril no meu país, quatro anos antes de eu nascer.

On my desk

Sorry, “on my desk” visitors. There´s such a huge mess on my desk, the kind of deadline-mess you have probably experienced before. Or not.

ETA: I once received a compliment about how tidy my desk was. I don´t want to disappoint my dear readers!

Abençoados sejam os narigudos…

…com um bom olfacto para cheirar a sopinha da Mamã.

Ontem já falei da hortelã na canja; hoje salivo a pensar nos cozinhados da minha Mãe. Em Portugal “abriu” a época de favas…

(É a ilustração para o Illustration Friday, cujo tema esta semana é “primitive”.)

P.S. Há que adicionar aqui um detalhe deveras importante: o Paulinho faz uns cozinhados muito bons e até consegue aproximar-se bastante da sopinha da minha Mãe. Mas ele também entende que Mãe é Mãe, e cozinha da Mãe… é mesmo assim, exclusiva.

Illustration Friday: Primitive

This is my piece for this week´s IF topic “Primitive”. It´s a papercut and it reads “blessed be big-nosed people”, for their sense of smell, a primitive sense. If it´s not more developed within big-nosed people, at least it has more “space” (a big nose) to do.

Yes, I have a big nose. And an extremely acute sense of smell. 😉

*

Aqui está a minha ilustração para “Primitive”, o tema desta semana do Illustration Friday.

Mais cedo ou mais tarde ia ter de fazer a devida homenagem a quem, como eu, é narigudo. E a quem, também como eu, tem um olfacto (às vezes demasiado!) apurado.

Porque, para mim, o olfacto é um sentido primitivo.

Hortelã

Pôr menta na canja não é o mesmo que pôr hortelã na canja. É parecido. Até é bom. Mas não é a mesma coisa.

Estas diferenças, ainda que pequenas, a esta distância revestem-se de toda uma importância vagamente desproporcionada. Mas é através dos cheirinhos e sabores (e do Skype, naturalmente) que vamos matando as saudades de Portugal e da comida da Mamã.

Como tal, deixo aqui o registo do transplante de hortelã (aparentemente bem sucedido) que começou em Lisboa e terminou algum tempo depois, do outro lado do lago Atlântico. Em três vasos diferentes, pelo sim, pelo não.

Hortelã…

…mais hortelã…

…e o “folhudo” manjericão, que pega em todo o lado.

Feiras do Livro

Não deve faltar muito para a Feira do Livro de Lisboa, de que tanto gosto, abrir as suas portas. Ou melhor, as suas barraquinhas Parque Eduardo VII acima.

Sem nougat nem cheiro a sardinha assada a anunciar o Verão, começa amanhã a 34.ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires. É num pavilhão fechado (Outono oblige) e não há a alegria dos vendedores ambulantes. Mas é o que há e é bem bom.

Este ano não quero deixar passar ao meu lado alguma da programação cultural paralela. E a ver se descubro em que dia é o dia de Portugal para ir lá ver o autor deste ano (que ainda não sei quem é).

Fim-de-semana em Colonia del Sacramento, no Uruguay

Tínhamos de ir ao Uruguay e a história de Buenos Aires estar praticamente soterrada (“sofumada”?) em fumos (alegadamente não-tóxicos) foi um incentivo extra para irmos.

Cruzamos o rio no meio de uma atmosfera branca e chegámos à margem oriental do Río de la Plata. Uma inspiração mais profunda de algum alívio revelou-se muito frustrante: já cheirava a fumo.

Mas o Uruguay é um paraíso aqui ao lado da poluída Buenos Aires: os carros andam devagar, param nas passadeiras, bebe-se mate por todo o lado… o ritmo é consideravelmente mais lento e a pausa sabe bem. Buenos Aires tem muitas vantagens, mas um abrandamento de quando em vez sabe sempre bem. Dormir sem barulho de autocarros, apesar de o nosso hotel ser numa das ruas principais de Colónia, foi uma novidade também muito bem-vinda.

No dia seguinte acordámos e já cheirava a fumo. Como é que estes vizinhos podem gostar uns dos outros se se tratam assim? Uns queixam-se das fábricas papeleiras, vai daí respondem com um manto de fumo impenetrável… o ar que se respirava no Sábado passado em Colonia arruma as picardias entre Portugal e Espanha num chinelo.

Ainda assim, passeámos. Que podíamos fazer? Dentro do hotel cheirava a fumo; fora também. Então, fora. Vamos lá. E fomos.

La mirada que pinta

I just started this workshop, “la mirada que pinta”, with teacher Ariel Mlynarzewicz (in the Asociación de Amigos del Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires) but everyday I go there I feel like I´ve been to a “freedom” workshop. Or something similar. It´s such a good training for me: it´s not only about the live-model drawing, which I love. It´s also about composition, about colors. It´s about expression as well.

Click here for more photos.

*

Comecei há pouco tempo as aulas do curso “La mirada que Pinta”, com o professor Ariel Mlynarzewicz (na Asociación de Amigos del Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires).

De cada vez que volto para casa depois da aula tenho uma sensação de liberdade. Não é só o treino de desenho de modelo vivo. Para mim é, sobretudo, de expressão, de traço e de combinação de cores, o que para mim sempre foi um desafio.

Ver mais fotos aqui.

On my desk



It´s Wednesday again (it´s amazing how time flies!) and it´s on my desk day.

Wednesday is also german class day and this semester I´m taking it specially serious (well…) because there´s an exam in July. I´m reading in german, listening to podcasts in german, watching some TV in german… sometimes I even think and dream in german, which means that somehow the inmense amount of vocabulary is slowly sinking in.

There are also two other books on my desk: Illustrating Children´s Books by Martin Salisbury (a present from a friend who came to visit) and Kim Hargreaves´ Heartfelt book. Both are “eye-candy-sort-of-book” and I´ve been keeping them close to take a look at them every now and then.

It´s time to get back to work and put some more things on my desk.

See more desks at kootoyoo´s.

O vento mudou de direcção…

…e por isso não temos tido fumo por cá. Mas os incêndios continuam activos e o fumo, misturado com o nevoeiro, hoje provocou mais uma série de acidentes nas estradas do norte da província de Buenos Aires.

Este post é curtinho: da incredulidade já passámos à resignação e da resignação a uma certa tristeza.

Porcos a voar

Ok. Vamos lá pôr os pontos nos ii . Quem dizia que em Macau só faltava ver porcos a voar que tente viajar para a Argentina. Agora. Quero ver.

Porque é absolutamente inacreditável, aqui vão as fotografias:

Olhando para a direita…

…olhando para a esquerda.

E não. Não é “neblina matinal”. É fumo.

Fumo de quê, será que há aqui algum incêndio? Mas não acabou já o Verão? Pois é, acabou o Verão e não há um, mas muitos incêndios. E não são incêndios quaisquer: são queimadas, “quemas de pastizales”.

Nas notícias só se fala da interdição das estradas, da visibilidade reduzida a alguns metros, das partículas de dióxido de carbono. Já se insinuou ligeiramente a polarização que se abriu com o conflito entre produtores agro-pecuários e governo. Depois deita-se água na fervura e diz-se que muitos produtores também são contra esta prática. E assim por diante.

A questão fundamental para mim é que as “queimadas” são fogos controlados e pequenos, não são incêndios com emissão de fumo capaz de cobrir uma cidade do tamanho de Buenos Aires. E não é só a cidade, é também uma grande parte da província de Buenos Aires, que, para se ter uma ideia, tem uma superfície semelhante à da Península Ibérica. Imaginem que há um incêndio em Madrid e que se sente o fumo em Lisboa: surrealista, não é?

Pois. Não. Não é surrealista. Aqui acontece.

Quero acrescentar mais uma coisa: o aeroporto internacional de Ezeiza está praticamente encerrado (no ano passado a falta de radares sofreu com o nevoeiro do Inverno; este ano o sofrimento começa já no Outono, com a fumarada! O Aeroparque está encerrado, ou seja, não se sai por via áerea da cidade. Por estrada, também não. Esperemos que não nos estraguem os planos de evasão de barco.

Parabéns!

Até agora eram secretos… mas como os destinatários já os receberam, aqui estão os cartões de parabéns que lhes enviei. O vermelhinho, para o meu Pai; o cor-de-rosa, para a Mélanie.

Parabéns aos dois e espero que tenham gostado!

Mais imagens de todas as fases entre o desenho e o produto acabado.