Month: February 2008

Era uma vez

Era uma vez uma boa ideia.

Era uma vez uma boa ideia.

Era uma vez uma boa ideia?

Era uma vez um guia de restaurantes de uma cidade austral. Certo ajuntamento de duas pessoas tinha por missão verificar se esse guia estaria a dar uma visão objectiva do panorama gastronómico local. Ao abrigo desse projecto, dito ajuntamento de dois decidiu-se a experimentar um restaurante indiano, numa quinta-feira ao jantar.

Como em tantas outras cidades de tradição hispânica, jantar que é jantar começa tarde. E assim nasceu esta boa ideia: vamos a um restaurante italiano e indiano, mesa para dois reservada para as 21h, cá estaremos à sua espera.

Em primeiro lugar, que coisa é este de restaurante italiano e indiano? É a mistura mais improvável do mundo, em termos culinários, mas mesmo assim este não é o primeiro restaurante do género que encontro e, certamente, não será o último. Em Lisboa também os há e sempre me perguntei se os respectivos donos tiveram dúvidas sobre que comida servir, olharam para o índice alfabético de especialidades gastronómicas e só encontraram o volume da letra “I”. Daí ao mix-max, um passinho.

Como em todos os restaurante novos para nós, quisemos saber as recomendações. E aqui, a recomendação única foi um menuzinho de degustação, não se preocupe, não fica nada cheia, as porções são pequeninas, há alguma coisa que não possam comer ou à qual têm alergia e qual o nível de picante que desejam. E assim nos vimos perante um soberbo menu de degustação de comida indiana, numa quinta-feira ao jantar (tardio para o género culinário em causa), como se fôssemos os campeões da enzima e dos movimentos peristálticos (que é como quem diz, “da digestão”).

Primeiro passo: uma salada de mariscos e um ceviche. Os dois deliciosos, mas estou em dúvida quanto à proveniência indiana do ceviche. Pensei que fosse latino-americano, mas talvez seja eu a sonhar. Em todo o caso, foi bom comer peixe e mariscos frescos. Mnham.

Segundo passo: “somosas” e “pakoras” com chutneys de ameixa e de tomate e limão. Mais uma vez, tudo delicioso e comido até ao último pedacinho. Prato impecável, pronto para arrumar no armário e voltar a usar.

Terceiro passo, e aqui começamos a falar a sério: guisado de lentilhas. O meu estava suave (com pouco picante) e muito delicioso. Já o do Paulo, estava fogo. “Médio”, foi o nível de picante requerido, mas o chefe era indiano, não italiano, e a mão saiu-lhe pesada como sai normalmente na Índia, onde o “mild” é um nível de picante que, a mim, me faz suar em bica. O Paulo não ficou atrás e sofreu com o picante. Não com as lentilhas, coisa de que, por sinal, ele não gosta. (Como o queijo. Alguém já o ouviu dizer que não gosta de queijo? É um mito. Vejam-no a comer fondue de queijo provoleta fumado. Depois conversamos.)

Quarto passo: frango com o molho vermelho, com um arroz delicioso e chapati. (É raro lembrar-me dos nomes dos molhos indianos, para mim funciona por cores: molho vermelho, molho amarelo que não tem caril e assim por diante.) Delicioso também, tudo delicioso, mnham.

Quinto passo: cordeiro com o molho de caril, acompanhado do tal arroz delicioso. O molho, mnham. O cordeiro, para mim, tem sempre aquele sabor a … (queria dizer “a bedum”, mas será que fica mal?) que me faz lembrar a Páscoa e os piqueniques no Alentejo, com os ensopados de borrego das várias tias a terem de ser provados. Estás a comer o ensopado da tia Maria Carolina? Sim, sim, e tu? Ai, eu o da tia Maria Carolina já provei, agora estou no da tia Maria José. Resumindo: não sendo fã de borrego, que não sou, adorei o molho com o arroz delicioso. Mnham, mais uma vez. E já vão cinco.

Sexto passo: mix-max de sobremesas. Uma mousse de baunilha, um cheese-cake e um bolo de chocolate. Tudo porções generosas, tudo tipicamente indiano. E, mais ou menos por esta altura, capitulámos. Mas ainda não tinha acabado, só vem mais uma coisinha pequenina, garantiu-nos o empregado.

Sétimo passo: um “sabayón” com uma bola de gelado de baunilha e morangos confitados. Não sei o que são morangos confitados, nem o “sabayón” (é algo com muita gema de ovo e outra coisa qualquer que vai ao forno muito brevemente para queimar a crosta). Só conhecia o gelado de baunilha e, mais uma vez, nada disto me parecia muito indiano. Este sétimo passo só debicámos. Nada de comer à séria. Aqui, as barrigas já estavam perigosamente cheias.

Contados os sete passos, respirámos de alívio e recostámo-nos nas cadeiras, prometendo umas quantas voltas ao quarteirão quando chegássemos a casa. Bebericámos o vinho (“será que ajuda a digestão?”) e recusámos os chazinhos e os cafezinhos da praxe, já não dava. Mas, apesar de não haver chá nem café, houve bolachinhas, deliciosas por sinal. Já estava tão cheia que não iam ser aquelas duas mini-bolachinhas que iam fazer a diferença, certo?

Quando me levantei, ui, aí dei-me verdadeiramente conta de que tinha comido demais e que já eram dez e meia. Chegámos à rua e estava a chover, o que pôs de lado o nosso plano do passeio higiénico e digestivo pelo bairro.

Na cama, uma hora mais tarde, pus as almofadas para me manterem a cabeça para cima e o sono acabou por me vencer. Até às cinco da manhã, hora a que acordei com calor e com a digestão a meio (a meio?). A partir daí, só rebolei e transpirei. O Paulo levantou-se da cama e informou-me esta manhã que tinha estado a ver as notícias, havia alerta por causa das inundações na província de Buenos Aires e que tinha revisto o “Ana e o Rei”, “aquele com a Jodie Foster na Tailândia, sabes?”.

Moral da história: foi uma vez, foi uma ideia.

Pano chair | Cadeira Pano

I´m totally impressed by the amazing Pano chair. I don´t want to spoil your fun describing it, so please just visit their website and amaze yourselves!

Found via Bloesem.

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A cadeira Pano deixou-me muito (bem) impressionada. Como não quero estragar a surpresa a ninguém, não vou descrevê-la… vão lá vê-la, força!

Encontrada através de Bloesem.

Sapatinhos



Eu gosto de sapatinhos.

E porque gosto de sapatinhos, aqui vão estes, tão lindos, tão a minha cara (“tão a minha cara” até ao ponto em que uma cara se parece com sapatos, ou sapatos com cara. Quem é que entende estas expressões?).

Deve ser do calor!

Não é que estava aqui animadamente a fazer a mão do Daniel (personagem do livro que estou a ilustrar), distraidíssima, e dou conta que o fiz com seis dedos?

Quero acreditar que é do calor…

Estou a menos de nada…

…de ir para um centro comercial só para ter ar condicionado.

Ainda não são onze da manhã e o calor já é abrasador.

Uf.

Illustration Friday: Theory


Browsing the internet for some inspiration for this week´s topic, I found this: “…one scientist cannot create a theory, only an hypothesis.”

So here´s for team work: lots of scientists working on the same dream.

*

Enquanto pesquisava na net para o tema desta semana do Illustration Friday, encontrei aqui a seguinte frase (numa tradução minha): “…um cientista sozinho não cria uma teoria, só esboça uma hipótese.”

Esta semana, um elogio ao trabalho em equipa e ao célebre duas cabeças pensam melhor que uma.

Informática e informáticos

Ao ler este texto (é giro, é giro! Ide ler!), só me apeteceu comentar:

“Pudera, comprasse um mac e teria muito menos problemas!”

Mas talvez seja um pouco fora do âmbito do artigo.

(Encontrei o texto através do blog do Planeta Tangerina.)

Mi Buenos Aires Querido


Day after day I´m growing to love this city even more. Should I talk about Buenos Aires? I don´t know, I mean, there´s so much to be said and there´s a strong chance that I might repeat myself with boring words like wonderful or vibrant.

Anyhow, there´s a bit of a tribute to one of my favourite spots in the city: the metallic flower, Floralis generica. Papercut, of course. 🙂

*

A cidade de Buenos Aires é absolutamente fantástica. Nem dá para falar dela sem usar a palavra fantástica, provavelmente mais do que cinco vezes na mesma frase. Portanto, nem vou entrar por aí e mostro apenas o recorte que fiz de um dos meus lugares preferidos por cá: é a flor metálica, Floralis generica. E é em papel recortado, dada o meu actual entusiasmo com esta técnica.

Fim-de-semana na cidade, parte II

Agora vamos ao positivo do fds passado.

Quem já conhece o restaurante Osaka, escusa de continuar a ler. Quem não conhece, queira continuar, se faz favor, mas prepare-se para grandes momentos de salivagem desenfreada.

Depois de apanharmos o Miguel no Aeroparque obrigámo-lo a vir passear connosco para Palermo na nossa busca de estantes. Há que esclarecer que em Palermo, no meio de duas lojas de decoração, há umas vinte de roupas, roupinhas, sapatos, roupa interior, ténis… É impossível (praticamente) resistir ao chamamento!

Quando se fez hora de jantar, aproximámo-nos sorrateiramente do Osaka, restaurante que havia sido eleito pelo Miguel como o “melhor dos últimos tempos”. Entre o que queríamos pedir e o que foi pedido por engano (um engano feliz), deliciámo-nos com os pratos que já conhecíamos e descobrimos outro nunca antes navegado. Falo aqui de ceviches, claro, ceviches, tiraditos e sushi, numa onda de fusão peruano-japonesa de fazer crescer água na boca.

O ceviche é aquilo que já se sabe: deliciosos pedacitos de peixe marinados em sumo de lima, uns chilis quaisquer cujos nomes desconheço, coentros e cebola, acompanhados de milho (para nós, é tudo milho; para eles, cada milho é um milho diferente e tem nome específico).

O tiradito é uma coisa género “carpaccio”, neste caso de peixe: fatias muito fininhas de peixe com molhos diferentes. Um deles tem maracujá e resulta doce, o que provoca um contraste delicioso com o picante dos chilis e do agreste da cebola. O outro é género… ora deixa cá ver se me lembro do nome… “Bar-B-Q sauce” de lá de Macau, mas em bom. Deve ter molho de ostra, suponho, mas não sei.

Agora está-me a crescer tanta água na boca que tenho de parar de escrever antes que babe o teclado. Chiça.

Paper cutting, again | De novo a cortar papel

I really liked the result of the other paper cut, so I decided to make one for myself. Of course I wasn´t paying as much attention as I was in the first run, so there are some differences.

Still, what you see here is the negative part of the cutting, or, better put, what wasn´t cut. I thought it was nice enough to deserve it´s own place in cyber-world.

*

Gostei tanto de fazer o outro recorte para a C que decidi fazer um para ficar cá em casa.

Como é lógico, prestei menos atenção enquanto cortava… daí algumas diferenças entre um e outro. Mesmo assim, o “negativo” ficou bastante bem conservado e decidi dar-lhe um lugar na blogosfera.

Ah! Esqueci-me de dizer que o verso do papel é amarelo. Trata-se de um papel de origami muito bonito: cada página tem sua cor. Estou a pensar pô-lo numa moldura daquelas que têm duas faces de vidro, ou seja, naquelas em que se vê a frente e as costas do que lá está. Se encontrar cá uma, claro.

Fim-de-semana na cidade

Este fim-de-semana não fomos à “escácara” (vocábulo da autoria da menina do “esquepoço” e do “fóscaro”). Entre idas ao aeroporto (fomos buscar o Miguel ao Aeroparque no Sábado e, no Domingo, fomos pô-lo a Ezeiza) fomos ver móveis (estantes, estantes, precisamos de estantes!) com pouco sucesso e vimos algo de máquinas de lavar louça (já falta menos para termos uma, esperemos que não seja uma saga semelhante à do frigorífico).

O ponto alto foi, sem dúvida, a ida ao hipermercado.

Não. Minto. Esse foi o ponto alto da monotonia da vida prática. Ou seja: é preciso ir, há que ir, vamos lá. Gostamos? Não. Não gostamos de ir ao hipermercado. É chato. Apesar da lista criteriosa, há sempre qualquer coisa que fica para trás. E demora-se sempre muito tempo a pagar.

Excepto, claro está, um Domingo de Fevereiro, que é como quem diz “Agosto em Portugal”, ou melhor, “Agosto em Lisboa”. Num dia de sol e de calor quem é que vai para o hipermercado? Só mesmo quem quer ter um bocado de ar condicionado à borla, e mesmo este “à borla” tem de ser revisto porque saímos sempre de lá com mais coisas do que as que necessitamos.

Os pontos super-positivos foram: compras despachadas; dois pares de sapatinhos muito lindos (prendinhas de aniversário) e uma casa arrumada.

Alvíssaras

Dão-se alvíssaras a quem adivinhar quem são estas meninas.

E mais a quem adivinhar a quem se destina este quadrinho.

E mais não digo!