Month: November 2006

Valparaiso

Num fim-de-semana fomos a Valparaíso, cidade portuária chilena.

Reunioes II

Outra característica do português, amante da reunião, é o facto de – apesar de tanto a amar – não a preparar.
Aqui há uns tempos fui a uma reunião em que esperava a aprovação de algumas propostas. Durante três horas, entraram e saíram interlocutores e ninguém aprovou nada, porque ninguém tinha “poder de decisão” para aprovar o que quer que fosse.
Algum tempo depois fui convocada para uma outra reunião. Já estava “escaldada” da experiência, portanto perguntei qual era a ordem dos trabalhos.
A resposta foi:

(silêncio)

(pigarreio)

“Ordem dos trabalhos? Eh… Ah, pode ser para fazer o ponto da situação.”

Reunioes

O português gosta de reuniões.
Quanto mais longas, melhor. E então se passarem por cima da hora do almoço, melhor ainda: salientam o espírito de sacríficio de quem reúne. E quem reúne… trabalha!
Uma reunião longa, mesmo sem ordem dos trabalhos e preenchida de converseta sobre a família, as férias na neve e o fim-de-semana passado, é sinónimo de “muito trabalho”. Uma reunião curta é como se nos estivessem a “despachar”.
E a reunião pontual? Ui!, isso é sinónimo de intransigência: “mas julgas que estamos na Alemanha ou quê?”. E todos sabemos que, se há coisa que o português não quer ser, é intransigente (nem alemão, ainda para mais a falar “essa língua de trapos”). A mim, parece-me que a eficiência e a pontualidade vêm de mãos dadas com esta intransigência, que também se poderia chamar “rigor”.

Mnham II

Hoje almoçámos “iam tchá” no restaurante chinês do Casino Estoril. Para além do “dim sum”, pedimos ainda massa de fita larga com carne de vaca (algo como “cong chau ngau hoc”) e arroz chau chau, encomendando-nos respectivamente a uma “longa vida” cheia de “dinheiro”. Complementámos ainda com um prato de vieiras com espargos e outro de legumes chineses variados. Com muita raiz de lótus, para fazer bem à pele.
Ensonada e afundada numa cadeira de crescidos com uma almofada debaixo do rabo, a Carolina imitava-nos com os pauzinhos, dando de comer a quem estivesse por perto. Enquanto isso, pedia “papa” à Mamã, e certificava a sua qualidade com expressivos “mnham mnham!”.
Terminei com um pudim de manga do além, ou melhor, com O pudim de manga (tento conter a actividade das minhas glândulas salivares, protecção do teclado oblige). Agora tenho de ganhar coragem para arrumar a minha casa e “desmoer” o almoço… de preferência antes do jantar.

Mnham

Acabei ontem de ler “Fortune´s Rocks” de Anita Shreve. Está cheio de palavras saborosas como “chignon”, “petticoat”, “muslin” e “stockings”. Mnham mnham.

Ainda sobre os clientes

Ou, mais especificamente, sobre a relação dos designers com os clientes, li hoje este artigo de Guillermo Brea e faço o meu exame de consciência e respectivo acto de contrição (para continuar com a metáfora religiosa que o autor sugere).

Notas

Às vezes penso que os clientes podem ser classificados de um a cinco, como na escola. Um ou dois – vá lá – aos piorzinhos, aqueles que não aprovam as propostas, fornecem o material todo desorganizado (ou imagens em documentos word!), regateiam orçamentos e ainda por cima atrasam-se nos pagamentos. Enfim, aqueles clientes que reúnem todas estas características chatinhas e que merecem um puxão de orelhas. E que nos telefonam e pedem “o quadradinho um bocadinho mais para a direita” ou então “a fotografia do nosso director um bocado mais ampliada”. E depois os outros, aqueles que merecem o cinco: o material todo organizado, ficheiros em alta, tabelinhas excel com a ordem dos logótipos dos patrocinadores e ainda por cima são simpáticos e não querem reuniões a toda a hora (daquelas em que nada se discute). São os que nos apresentam o problema, esperam que executemos o nosso trabalho e cujas correcções melhoram francamente o resultado final. Sim, existem clientes desses! Só que nem toda a gente tem a sorte de os encontrar…

A Grande Vantagem

A vantagem dos carros estacionados em cima dos passeios é que assim não pisamos os cocós dos canídeos.

Chegada a Buenos Aires


Esta é a chegada de barco a Buenos Aires.

Lisboa


Uma das minhas vistas preferidas de Lisboa. Com céu limpo, vê-se até à Serra da Arrábida. Mas para mim o mais impressionante é como a paisagem muda todos os dias.

Fumo

Após dois meses de América Latina, desabituei-me por completo (foi fácil!) do incómodo de sentir o fumo do cigarro alheio. Na Argentina, no Chile e no Uruguai é proibido fumar dentro dos espaços públicos fechados. Para quem não acredita e acha que esta medida é fundamentalista, a verdade é que é muito, muito cómodo ir a um restaurante, a um bar ou a uma discoteca e sair de lá com o cabelo a cheirar a champô e a roupa a cheirar a roupa – ou a suor, vá.
Segunda-feira fui ao cinema e já não me lembrava da compulsão que leva os fumadores a acender o cigarro assim que transpõem a porta da sala. Gera-se uma tremenda nuvem de fumo que, honestamente, não sei como é que as pessoas suportam. Será que é assim tão difícil esperar mais três minutos para chegar à rua e acender o cigarro? Caminhando da porta do cinema para a porta do Monumental demora-se, em passo lento, não mais de três minutos. Depois de um filme de duas horas e meia, o que são três minutos?
Não entendo toda a discussão sobre a proibição do fumo nos espaços públicos fechados. Não acredito que os restaurantes, os bares, as discotecas e os centros comerciais percam clientela por causa disso. Aliás, confirmei isso mesmo na Argentina, onde a lei entrou em vigor dia 1 de Outubro. Vi o antes e o depois e a verdade é que as pessoas continuam a frequentar os mesmos lugares. No final, até os fumadores apreciam a medida porque assim fumam só o seu cigarro, não o dos outros.

Concursos

Estive a ler o anúncio (e os respectivos comentários) para um concurso promovido pela revista New York para uma vinheta, publicado no blog “Speak Up”. É inevitável pensar que quem promove o concurso está a tentar encontrar uma série de alternativas baratas, promovendo a filosofia do tudo ou nada: quando se ganha, é-se publicado; quando se perde, as horas investidas no trabalho são deitadas à rua.
Infelizmente, neste momento esta tem sido uma modalidade de recrutamento de novos designers em franco crescimento. Quem procurou trabalho novo nos últimos tempos sabe disso.
No entanto, parece-me que este concurso surge como uma oportunidade para todos aqueles designers que não são conhecidos o suficiente para serem convidados pelos editores a desenhar uma bela vinheta para a sua rubrica. E, quem sabe, a figurar na lista de “designers a convidar no futuro”. Talvez este facto o afaste da situação perversa do empregador que quer ver provas do trabalho do designer, desvalorizando-o, e o transforme numa verdadeira oportunidade para nós. Mas só talvez.